Publicado em: 2 de junho de 2025
Chegou o mês de junho e, com ele, toda a animação que trazem as festas juninas com suas quermesses, quadrilhas, pássaros, arraiais. É uma época em que é comum exagerar nos maravilhosos pratos típicos (quem nunca?) e também nas bebidas alcólicas durante as festividades.
Por mais que circulem por aí mitos como “vinho faz bem ao coração”, o consenso da ciência hoje é claro: nenhum tipo de bebida alcoólica é realmente segura para a saúde. De acordo com especialistas em saúde pública e pesquisadores em álcool e dependência, o etanol, que é a substância ativa comum a todas essas bebidas, é prejudicial ao organismo, independentemente de sua origem ou aparência.
O risco começa logo após o primeiro gole. Quando ingerido, o etanol é metabolizado pelo corpo e convertido em acetaldeído, uma substância tóxica que pode danificar o DNA das células humanas. Segundo o pesquisador Timothy Stockwell, da Universidade de Victoria, esse composto é “extremamente agressivo” e pode desencadear mutações que aumentam o risco de câncer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece que nenhum nível de consumo alcoólico é seguro para a saúde e que o álcool é uma substância cancerígena, associando seu consumo a pelo menos sete tipos de câncer, incluindo de boca, esôfago, fígado, mama e cólon.
Além disso, o uso excessivo de ácool, como oito ou mais doses semanais para mulheres e 15 ou mais para homens, está ligado a doenças cardíacas, hepáticas, depressão, ansiedade e prejuízos à memória.
Mas calma, car@ leitor@ do portal Uruá-Tapera, esta matéria não é uma apologia ferrenha à abstemia e sim uma forma de trazer a informação de que, se a ideia for continuar bebendo de um jeito ocasional e consciente, há sim formas de reduzir os danos, embora nenhuma bebida seja “saudável” como muita gente gosta de acreditar.
Dar preferência a bebidas com menor teor alcoólico é uma delas. Um vinho com 12% de álcool, por exemplo, tem mais etanol por mililitro do que uma cerveja com 4%. Logo, optar por bebidas mais leves reduz a exposição à substância tóxica.
Evitar drinks com múltiplos tipos de bebida alcoólica ou misturados com refrigerantes e energéticos é outra. Além de mascararem a embriaguez, eles aumentam o teor calórico e a ingestão de açúcar.
Também é importante ter atenção ao volume total: um copo de cerca de 355 ml de cerveja com 5% de álcool equivale, em etanol, a 150 ml de vinho com 12% ou a uma dose (44 ml) de destilado com 40%. Em coquetéis, esse cálculo é bem difícil de ser feito.
Além dos efeitos diretos no organismo, o consumo de álcool também está relacionado a uma série de riscos indiretos, como acidentes de trânsito, violência doméstica, queda de produtividade, evasão escolar e problemas econômicos e sociais. Dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) indicam que, entre 2010 e 2020, o custo médio anual das internações hospitalares no Brasil diretamente relacionadas ao consumo de álcool foi de aproximadamente R$ 91 milhões. Além disso, em 2020, foram registradas 20.393 mortes no país atribuídas exclusivamente ao uso de bebidas alcoólicas.
Seja vinho, cerveja, caipirinha, ou shots de cachaça de jambú, o consenso científico atual é de que o álcool é uma substância de risco mesmo em pequenas quantidades. Para quem é da galera da golada, é fundamental adotar estratégias de redução de danos, como beber com moderação, escolher bebidas com menor teor alcoólico, evitar misturas, intercalar com uns bons copos d’água e ter uma boa alimentação.
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