(Vendo o jornal na televisão)
José Wilson Malheiros
Quem são essas hordas venais
Que usam laminas afiadas,
Brucutus em avalanches,
Estuprando a floresta?
Quem são esses verdecidas
Que amordaçam pássaros,
Riem da fauna imolada
E envenenam cursos d’água?
Quem são esses bandoleiros
Que sepultam indígenas,
Promulgam os próprios códigos
E a jurisprudência da morte?
São os mercenarios de Mamon,
Os que plantam inconsequências,
Os predadores da terra arrasada,
Os que castram o futuro.
Lágrimas na Amazônia…
Um lamento do tamanho do mundo…
Verde calvo, águas intoxicadas,
Aniquilamento de vidas e de sonhos…
Troncos amputados parindo cifrões
E a vida emigra no rumo do nada.
Fortunas reluzem, selvas ressecam,
E a natureza ameaça cerrar as cortinas
Aproximam-se, talvez, os últimos atos
Desse apocalipse anunciado,
O derradeiro suspiro de uma era,
O holocausto da Amazônia.
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