Sabrina Gomes, 24 anos, enfrenta uma combinação de doenças raras: a Síndrome de Cushing e um timoma – um tumor raro que altera a cor de sua pele. Quando tinha 15 anos, sintomas de inchaço, manchas pelo corpo, dificuldade respiratória, pressão alta e outros problemas hormonais e metabólicos começaram a aparecer na jovem de Fortaleza, Ceará. Depois de cinco anos entre o diagnóstico inicial, apareceram os primeiros sinais visíveis da mudança na pigmentação de sua pele.
O tumor no tórax, que mede hoje 17 centímetros, produz um hormônio chamado ACTH (adrenocorticotrofina), que, em excesso, levou Sabrina a desenvolver a Síndrome de Cushing. Este excesso de ACTH faz com que as glândulas adrenais, localizadas sobre os rins, também produzam cortisol de maneira descontrolada. Essa superprodução de cortisol gerou alterações hormonais graves, obrigando Sabrina a passar por uma adrenalectomia em 2022, um procedimento para a retirada das glândulas adrenais. A cirurgia diminuiu o nível de cortisol, mas teve um efeito colateral inesperado: acelerou o escurecimento da pele de Sabrina, devido à interação do excesso de ACTH com os receptores que produzem melanina.
A possibilidade de tratamento alternativo surgiu com o medicamento lutécio, um radiofármaco que ataca células neuroendócrinas, como as do tumor de Sabrina. O lutécio carrega partículas radioativas que destroem as células cancerígenas que produzem hormônios, reduzindo o tamanho do tumor e, potencialmente, os níveis de ACTH.
O tratamento com lutécio, no entanto, possui um custo elevado – cerca de R$ 32 mil por dose, totalizando quase R$ 130 mil para as quatro doses necessárias. Diante disso, Sabrina recorreu à Defensoria Pública da União para garantir o fornecimento do medicamento através do Sistema Único de Saúde (SUS). Em dezembro de 2023, a Justiça decidiu em favor de Sabrina, obrigando a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará (Sesa) a viabilizar a medicação.
Porém, mesmo com a decisão judicial, o medicamento ainda não foi entregue. Em março de 2024, uma nova ordem judicial foi emitida, mas a aquisição se arrasta. Em agosto, a Justiça reforçou a ordem para que a Sesa acelerasse a compra do medicamento. Contudo, o processo de aquisição segue sem conclusão, obrigando Sabrina a aguardar enquanto sua condição se agrava. O tratamento é a melhor alternativa para Sabrina, uma vez que a cirurgia para remover o tumor é arriscada demais devido à localização do timoma, que pressiona órgãos vitais como o coração e o esôfago.
Foto: Reprodução / Instagram / TV Verdes Mares
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