Publicado em: 27 de setembro de 2022
Às vésperas de uma eleição histórica, é fundamental que façamos uma reflexão sobre a representatividade feminina nos espaços de poder.
Hoje, apesar das mulheres representarem 53% do eleitorado brasileiro, ocupam apenas 15% dos cargos eletivos. No caso das mulheres negras esse número é ainda menor, apenas 2%.
Segundo dados do Senado Federal, o Brasil ocupa a 140ª posição em representatividade feminina na política, atrás de todos os países da América Latina, com exceção do Paraguai e Haiti.
A representatividade é o primeiro passo de uma luta por políticas públicas e leis que realmente espelhem as nossas vivências e as nossas necessidades.
Apesar de sabermos que a luta das mulheres por espaço e voz não é recente, a conquista dos diretos que hoje nos são garantidos é, historicamente, recentíssima.
Até 1932 nós não podíamos votar.
Somente a Constituição de 1934 estabeleceu a igualdade de salário, que diga-se de passagem, ainda não existe nos dias de hoje, posto que as mulheres continuam a ganhar menos que os homens.
Até 1962, quando foi aprovado o estatuto da mulher casada, as mulheres não podiam celebrar contratos, receber herança ou sequer podiam trabalhar sem autorização do marido.
Somente com a Constituição Federal de 1988, veio o reconhecimento de que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações (art. 5º, I, CF/88).
Algo que hoje parece tão óbvio, mas que foi resultado de muita luta.
E mesmo com a garantia constitucional de que somos iguais em direitos e obrigações aos homens, essa igualdade está ainda muito longe de ser concreta, sendo inclusive necessário refletirmos sobre a necessidade de ações afirmativas que garantam e aumentem a representatividade das mulheres nos espaços públicos, mas esse assunto merece outro tópico, outra conversa.
Por isso que no próximo domingo devemos ter em conta a importância de elegermos mulheres que lutem por mulheres, pelo combate a violência de gênero, por políticas públicas que reflitam as diversas realidades por nós vivenciadas e que busquem acima de tudo, reparar as desigualdades históricas impostas a nós.
Mulheres ocupando os espaços de poder representam o fortalecimento da democracia e da justiça e elegendo mulheres compromissadas com essas pautas tão importantes, certamente teremos voz onde precisamos ser ouvidas.
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