0

Às vésperas de uma eleição histórica, é fundamental que façamos uma reflexão sobre a representatividade feminina nos espaços de poder.

Hoje, apesar das mulheres representarem 53% do eleitorado brasileiro, ocupam apenas 15% dos cargos eletivos. No caso das mulheres negras esse número é ainda menor, apenas 2%.

Segundo dados do Senado Federal, o Brasil ocupa a 140ª posição em representatividade feminina na política, atrás de todos os países da América Latina, com exceção do Paraguai e Haiti.

A representatividade é o primeiro passo de uma luta por políticas públicas e leis que realmente espelhem as nossas vivências e as nossas necessidades.

Apesar de sabermos que a luta das mulheres por espaço e voz não é recente, a conquista dos diretos que hoje nos são garantidos é, historicamente, recentíssima.

Até 1932 nós não podíamos votar.

Somente a Constituição de 1934 estabeleceu a igualdade de salário, que diga-se de passagem, ainda não existe nos dias de hoje, posto que as mulheres continuam a ganhar menos que os homens.

Até 1962, quando foi aprovado o estatuto da mulher casada, as mulheres não podiam celebrar contratos, receber herança ou sequer podiam trabalhar sem autorização do marido.

Somente com a Constituição Federal de 1988, veio o reconhecimento de que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações (art. 5º, I, CF/88).

Algo que hoje parece tão óbvio, mas que foi resultado de muita luta.

E mesmo com a garantia constitucional de que somos iguais em direitos e obrigações aos homens, essa igualdade está ainda muito longe de ser concreta, sendo inclusive necessário refletirmos sobre a necessidade de ações afirmativas que garantam e aumentem a representatividade das mulheres nos espaços públicos, mas esse assunto merece outro tópico, outra conversa.

Por isso que no próximo domingo devemos ter em conta a importância de elegermos mulheres que lutem por mulheres, pelo combate a violência de gênero, por políticas públicas que reflitam as diversas realidades por nós vivenciadas e que busquem acima de tudo, reparar as desigualdades históricas impostas a nós.

Mulheres ocupando os espaços de poder representam o fortalecimento da democracia e da justiça e elegendo mulheres compromissadas com essas pautas tão importantes, certamente teremos voz onde precisamos ser ouvidas.

Carolina Guerreiro
Carolina Guerreiro, Advogada, Mãe, Paraense mais Alagoana do Brasil, Feminista, membro fundadora da AMADA - Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas.

Antiga sede da Fumbel será restaurada

Anterior

UFOPA enfrenta denúncia de racismo em sala de aula

Próximo

Vocë pode gostar

Mais de Política

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *