Quem não vive ou morou em Belém, não entende a nossa chuva.
Custei a compreender que essa chuva nos batiza quase todos os dias.
Que lava os mormaços.
E parece com aquela mãe aparentemente severa, quando se lança sobre a cidade lambando a tarde, estourando trovões, mas nem demora a nos deixar sorrindo, outra vez, sob o ritmo da suave brisa do entardecer.
Quando aqui cheguei, para trabalhar e estudar, no início da década de setenta, eu gostava de ver as tardes de chuva ali na região do comércio, e mesmo sem conhecer Paris, a cidade me inoculava na alma e na fantasia, certos eflúvios parisienses.
Até hoje não sei o motivo.
Mas na Belém tradicional, para mim, só faltava o arco do triunfo.
E foi com o sentimento acariciado pela chuva, que escrevi a minha
NA HORA DA CHUVA.
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