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Na última quarta-feira, 28 de maio, foi divulgada a segunda edição do Índice de Progresso Social (IPS) Brasil. A avaliação, que abrange todos os 5.570 municípios do país, coloca o estado do Pará em posição crítica: com nota média de 51,42 em uma escala de 0 a 100, o estado figura entre os três piores do Brasil, ao lado do Maranhão e do Amapá, evidenciando o abismo socioambiental que ainda separa a Amazônia Legal do restante do país.

O IPS é considerado uma ferramenta robusta para medir o bem-estar da população com base em indicadores como segurança, saúde, educação, habitação, sustentabilidade ambiental e acesso a direitos. Ao contrário de índices puramente econômicos, como o PIB, o IPS foca diretamente nas condições de vida das pessoas, sendo cada vez mais usado para orientar políticas públicas.

Entre os estados brasileiros, São Paulo (com média 65,14), Santa Catarina (65,01) e Paraná (63,91) lideram o ranking. Na outra ponta, o Pará aparece com média de apenas 51,42 – inferior à média nacional, que é de 57,01. A performance parauara está associada a questões estruturais como baixa cobertura de saneamento, insegurança alimentar, acesso precário à saúde e violações de direitos humanos básicos.

A capital Belém teve desempenho preocupante, com nota 54,86, ficando entre as 10 capitais com pior colocação no ranking nacional. O dado chama atenção porque indica que mesmo grandes centros urbanos no Pará enfrentam dificuldades para oferecer condições dignas à sua população. Mesmo os municípios com melhores resultados ainda estão longe dos municípios líderes do ranking, como Gavião Peixoto (SP), que obteve a nota mais alta do Brasil: 73,26.

Melgaço, Bagre, Portel, Breves e Gurupá – todos localizados no Marajó – estão entre os piores do país e apresentaram notas abaixo de 45, o que representa carências extremas em indicadores como acesso à água potável, atendimento médico básico e escolaridade. A vulnerabilidade nessas regiões está diretamente ligada à ausência de políticas públicas eficazes.

O IPS 2025 revela que o Pará enfrenta uma convergência de fatores críticos. O estado combina uma população dispersa em território de difícil acesso com baixos índices de saneamento básico, altas taxas de violência, acesso limitado à educação e serviços públicos. Além disso, sofre impactos ambientais intensos, como desmatamento e contaminação de rios, que afetam diretamente o bem-viver de populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas.

De acordo com o relatório, a nota média dos municípios da Região Norte (52,01) é quase 15 pontos inferior à do Sudeste (66,87). O IPS 2025 também aponta que os avanços no Brasil têm sido lentos e desiguais, com retrocessos pontuais em segurança, habitação e acesso a direitos sociais. No Pará, essa desigualdade se acentua, refletindo o histórico abandono de políticas públicas estruturantes no estado.

Com base em dados públicos como Censo Demográfico do IBGE, MapBiomas, INEP e DataSUS, o IPS Brasil fornece evidências para orientar ações governamentais e da sociedade civil. O índice oferece um retrato confiável do que precisa ser priorizado.

Acesse o relatório aqui.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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