Publicado em: 5 de maio de 2025
O Projeto Sapararé, os grupos de Pescadores de Benfica, Canoa Paidégua, Marenteza Canoagem, de SUP Superação e o Clube Rema Solon formularam denuncia oficial e pediram providências urgentes ao Ministério Público do Estado do Pará, através da Promotoria de Justiça de Benevides, quanto à mortandade de peixes que vem ocorrendo há mais de um mês na bacia hidrográfica do Rio Benfica, afetando o equilíbrio ecológico e a subsistência de famílias de pescadores.

No dia 17 de abril de 2025, as entidades comunicaram formalmente o fato à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Benevides, anexando vídeos enviados por pescadores. Apesar da gravidade do caso e da persistência do fenômeno, até agora não houve a identificação da causa nem a divulgação de medidas efetivas de contenção.

Pedro Paulo Sousa, coordenador do Projeto Sapararé, coletivo esportivo e ambiental com forte atuação no município de Benevides (PA), conta que já foram registradas pelo menos cinco descidas de cardumes mortos nesse período. A situação está impedindo a pesca, fonte tradicional de alimento e renda para diversas famílias da região. Pescadores locais têm sido obrigados a se deslocar para áreas mais distantes, resultando em aumento no consumo de combustível e maior exposição ao risco de assaltos, sobretudo em zonas isoladas.
Conforme relatos colhidos junto a pescadores, o problema afeta não apenas o curso principal do rio Benfica, mas também sua bacia hidrográfica, que inclui igarapés, nascentes e afluentes, especialmente em Benevides e Marituba. O trecho onde já houve registro de peixes mortos compreende desde o igarapé da comunidade do Touro Brabo, nas cabeceiras do rio, passando pelo Bairro Novo e a orla de Benfica, indo até o rio Itapepucu, afluente do Benfica, onde também já foi encontrada grande quantidade de peixes mortos.
Em ocasiões distintas, foram avistados peixes ainda vivos vindo à tona como se tentassem respirar, o que indica possível falta de oxigênio ou contaminação da água.
Entre as espécies mortas há tucunaré, branquinha, arana, arraia, acari, tuí, jandiá, três espécies de cará e sardinha, dentre outras. Nessas ocasiões, várias arraias foram recolhidas por pescadores em canoas, com uso de remos. Pirarucus também foram encontrados mortos no rio Benfica, abaixo da orla, no segundo semestre de 2024.
Diante da ausência de respostas e medidas eficazes por parte das autoridades até o momento, os coletivos resolveram colaborar com registros fotográficos e audiovisuais, depoimentos de moradores e pescadores, além de dados históricos ambientais da região, denunciar ao MPPA e pedir que instaure urgente investigação destinada a apurar a causa da mortandade de peixes na bacia hidrográfica do rio Benfica, requisite das autoridades ambientais municipais e estaduais informações acerca de quais providências foram adotadas desde a notificação no dia 17 de abril; recomende ou determine a imediata realização de análises laboratoriais da água e dos peixes mortos por órgãos competentes; bem como avalie a eventual responsabilidade de empreendimentos ou instituições para a degradação dos cursos d’água.
Confiram as fotos e vídeos.
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