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Prevaleceu a tese defendida pelo promotor
de justiça Edson Cardoso de Souza e o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o
Bida, foi condenado pela co-autoria de homicídio
duplamente qualificado, por encomenda mediante promessa de recompensa e por
meio que dificultou a defesa da vítima – de “forma fria, corvarde e premeditada” -, a missionária
norte-americana
Dorothy Mae Stang, 73 anos.
A pena de 30 anos deverá ser cumprida em regime inicialmente fechado. O condenado
também terá que arcar com o pagamento das custas do processo.  
Depois de 15 horas de julgamento, já
era perto da meia-noite quando o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, presidente
do 2º Tribunal do Júri de Belém, proferiu a sentença condenatória de Bida, 43
anos. Os irmãos da Irmã Dorothy, amigos e integrantes de movimentos sociais 

que acompanharam o júri festejaram a decisão.
O promotor de justiça Edson Cardoso de
Souza,  que há oito anos cuida do caso, e
que se destacou em outros julgamentos de repercussão internacional, como os dos
assassinatos do sindicalista Expedito, dos lavradores irmãos Canuto e do
deputado João Batista, foi muito cumprimentado pelo seu esforço e competência. Sustentou
oralmente toda a acusação sozinho, enquanto a banca de advogados do réu se
revezava na defesa.
Para o experiente promotor, a estratégia da defesa acabou
sendo um tiro no pé. “O
ex-policial federal Luiz Fernando Raiol, que diz que Bida é inocente,
não tem a menor credibilidade. Ele é um
condenado por extorsão, por um juiz
federal muito sério e correto, o juiz Rubens Rollo, além do que há fotos dele
almoçando com Bida. Aliás, o próprio Raiol admitiu ter se tornado amigo próximo
de Bida
. E tanto a família de Dorothy quanto integrantes da congregação Irmãs
de Notre Dame Namur, à qual pertencia a missionária, negaram que Raiol foi
segurança de Dorothy, e alegaram que ele não tinha sequer proximidade com ela.
A missionária Rebeca Spires inclusive prestou depoimento sobre isso
.”
Durante o libelo
acusatório, o promotor Edson Cardoso acusou o fazendeiro de pagar, além dos
prometidos R$50 mil pela morte de Dorothy, R$ 10 mil para que os executores do
crime mudassem o depoimento e o inocentassem na fase judicial do inquérito.
Além de Bida, também
responde como mandante do crime o pecuarista Regivaldo Pereira Galvão, o
Taradão. Ele também é acusado de prometer recompensa para quem matasse a
missionária, foi condenado a 30 anos de prisão em outubro de 2011, recorre da
decisão para tentar anular o júri
e aguarda julgamento.
Amair Feijoli da Cunha, o Tato, foi
condenado a 18 anos de prisão como intermediário do crime. Cumpre prisão
domiciliar. Raifran das Neves Sales, condenado a 27 anos de prisão por ser
assassino confesso de Dorothy Stang, deixou o regime fechado para cumprir o
restante da pena em prisão domiciliar em julho deste ano. O promotor Edson
Cardoso de Souza contou, durante o julgamento, que já deparou com ele duas
vezes, uma na rua, acompanhado de uma namorada, e outra, em um supermercado de
Belém. Clodoaldo Carlos Batista, acusado de ser comparsa de Raifran, foi
condenado a 17 anos de prisão, mas fugiu da Casa do Albergado, em Belém, em fevereiro de 2011.

O procurador da República
Felício Pontes, do MPF; o padre Paulo Joamil da Silva, da Comissão Pastoral da Terra; a irmã Henriqueta
Cavalcante, a advogada Mary Cohen e eu, pela Comissão Justiça e Paz da CNBB
Norte II, acompanhamos o julgamento, além de outras entidades ligadas
aos direitos humanos.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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