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Os jornalistas que trabalham no Diário
do Pará
e Diário On line entram em greve por tempo
indeterminado, a partir de hoje ao meio-dia. A decisão foi tomada em assembleia
geral, em razão do impasse criado com a negativa da diretoria da empresa em
negociar com o Sinjor-PA a pauta de reivindicações da categoria.
Desde abril, data-base dos jornalistas do
grupo RBA, as tentativas de negociação foram em vão. Ontem, como resultado
prático da sessão especial da Câmara Municipal que debateu a situação dos
jornalistas, foi constituída uma comissão integrada por vereadores, OAB-PA,
MPE-PA, Sinjor-PA, Fenaj e MPT, destinada a mediar um entendimento. A vereadora
Meg Barros(PSOL) foi encarregada de telefonar para Jader Filho e marcar uma
reunião. Ligou, falou com ele, que ficou de marcar, mas até agora nada.
Ontem à tarde, houve a primeira mesa de
negociação com a empresa, que apresentou sua contraproposta, inicialmente de piso
salarial de R$1.200, depois R$1.300 e admitiu por fim até R$1.500,00. A
presidente do Sinjor-PA, Sheila Faro, apresentou as propostas aos trabalhadores
hoje, mas a greve foi mantida. Acontece que o piso nas ORM é de R$1.900,00 e será
renegociado. A intenção é fechar um acordo coletivo que contemple o maior
número de cláusulas da pauta de reivindicações.
É indiscutível a legitimidade das
reivindicações dos jornalistas. São direitos garantidos na Constituição e na
legislação trabalhista, além do que se trata de direito à dignidade humana. Os
depoimentos dos jornalistas são chocantes: salários líquidos que não chegam a
R$ 800 (alguns sem carteira de trabalho assinada), péssimas condições de
trabalho (sem água, copos descartáveis e até papel higiênico nas redações;
cadeiras quebradas com registro de tombo de jornalista idoso; falta de equipamentos
adequados para o trabalho, tais como computadores e máquinas fotográficas); e insegurança
na apuração das pautas policiais, pela falta de colete à prova de balas, dentre
outras coisas. Tudo isso não era nem para ser objeto de negociação, são
obrigações às quais nenhuma empresa pode se furtar.

A versão de que os
jornalistas estariam fazendo jogo político do PSDB e do governo para prejudicar
a candidatura de Helder Barbalho ao governo do Estado é fantasiosa e não resiste
ao exame de qualquer inteligência mediana. Não à toa, o vereador Igor Normando(PHS)
foi estrondosamente vaiado quando defendeu essa tese, ontem, na sessão da
Câmara Municipal. Deveria ter usado sua proximidade com os donos do grupo
empresarial para aparar as arestas e intermediar um acordo, com o que estaria
prestando um belo serviço à sociedade. Afinal de contas, é sempre bom lembrar
que não se trata, absolutamente, de uma briga entre patrões e empregados e sim
da luta legal e legítima por direitos humanos, de cidadania, constitucionais e
trabalhistas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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