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Para quem estava sentindo falta dos textos de literatura com ilustrações: hoje temos o Drácula! Quem não lembra das comidas descritas pelo advogado Jonathan Harker, em Drácula? O romance mundialmente conhecido, cuja primeira publicação foi pela editora Archibald Constable and Company (RU), datada do ano de 1897 e escrito pelo autor irlandês Bram Stoker. Drácula é uma das obras literárias de terror mais famosas da literatura. A obra foi responsável pela popularização sobre a temática dos vampiros e todo interesse em torno deles. Os principais personagens são: o Conde Drácula, Jonathan Harker, Mina Harker, Abraham Van Helsing, Lucy Westenra, Knock entre outros. A história que se passa em parte na Inglaterra é também na Transilvânia, na década de 1890, século XIX. Tem início com o advogado inglês Jonathan Harker, indo ao encontro do Conde Drácula para dar assistência jurídica numa transação imobiliária do Conde. É nesse encontro através de cartas que Jonathan vai entender e conhecer um vampiro. Então, vamos passear pelas incursões gastronômicas de Johathan Harker já em terras do leste europeu. No jantar, realizado no Hotel Royale, na sua chegada em Klausenburgo ele nos conta que: “Ali jantei, ou melhor, ceei galinha preparada com pimenta vermelha, e o prato estava ótimo, embora desse muita sede. (Nota:consegui a receita para Mina.) Perguntei ao garçom, e ele me disse que se chamava paprika hendl; a receita, por tratar-se de um prato típico do país, eu poderia conseguir em qualquer lugar nas proximidades dos Cárpatos. Minhas noções superficiais de alemão se tornaram muito úteis aqui; na verdade, não sei como me arranjaria sem elas”. (1) Jonathan Harker além de gostar de comer bem, ainda pedia as receitas para levar a Mina, talvez para que ela pudesse testá-las para ambos? A tradicional receita leva peito de frango, manteiga, cebolas, paparica doce húngara, trigo, creme de leite, sal e pimenta, agradou bastante o advogado apesar de dar muita sede. E aqui é bom que se diga do uso constante de páprica na cozinha da Hungria. A Ilustração são Talita Almeida.
Na segunda parte do texto com ilustração, literatura e alimentação, vamos passear pelo café da manhã de Jonathan Harker. Na manhã seguinte, Jonathan Harker “come mais páprica” ainda no Hotel Royale, ele nos conta que: “Comi mais páprica no café da manhã, junto com uma espécie de mingau de farinha de milho que eles chamam de Mămăligă e berinjela recheada com carne picada e temperada, prato delicioso chamado Impletata. (Nota: arranjar receita também) Tive que tomar meu café da manhã às pressas, pois o trem saía um pouco antes das oito”. (2) Aqui o advogado Jonathan Harker descreve dois pratos o Mamaliga e a/o Impletata. A Mămăligă é o nome Romeno deste prato. O prato também é encontrado na Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária , Eslovênia entre outros países com nomes variados. É tido como um prato de origem camponesa. Jonathan descreve a mamaliga que provou mais mole como um mingau, mas, ela também tem sua versão mais “dura” e que pode ser cortada em fatias. Na forma tradicional a Mămăligă é feita com farinha de milho, sal e água. Em alguns lugares ela assume o lugar do “pão” na primeira refeição do dia. Já a/o Impletata leva na receita: carne,
alho, cebola, berinjelas, tomate, pimenta da Jamaica, salsa, limão, passas de uva, pinhões, migalhas de pão, Pecorino ralado e azeite. Esse prato foi o que ele mais gostou. A carne picada e bem temperada foi a sensação para o paladar de Jonathan Harker, ele inclusive, fez uma nota sobre “arranjar essa receita”; provavelmente para levar para Mina. Na belíssima ilustração dda Talita Almeida combinamos dela reproduzir o café da manhã do personagem e o jantar da noite anterior. Fantástico não!?.
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📚✍️🏽 Referências.
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📸 Ilustração de Talita Almeida.
(1)(2) Stoker, Bram. Drácula: vol I Bram Stoker;trad: Adriana Lisboa. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018, p, 8-9.

Sidiana Macêdo
Sidiana Macêdo é Professora Adjunta da Faculdade de História da UFPA. Mestre em História Social da Amazônia, autora do livro "Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900), é doutora em História Social da Amazônia, com a tese intitulada "A cozinha mestiça. Uma história da alimentação em Belém. (Fins do século XIX a meados do século XX). É historiadora da alimentação, líder do Alere-Grupo de Pesquisa da História do Abastecimento e da Alimentação na Amazônia, cadastrado e certificado na Plataforma do CNPq. É pesquisadora colaboradora da rede Transnacional DIAITA- Património Alimentar da Lusofonia. Autora do blog @daquiloquesecome e site www.daquiloquesecomeoficial.com É sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, membro do Conselho Editorial de Revistas Científicas como a Revista Brasileira de Gastronomia RBG e a Revista Mangút: Conexões gastronomicas (UFRJ- INJC) e colaboradora do Instituto Histórico e Genealógico de Campinas. Participa como pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Escravidão e Abolicionismo na Amazônia (GEPEAM).

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