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Os boletins de ocorrência de violência contra meninas e mulheres aumentam em 23,7% quando um dos times de futebol da cidade joga, segundo a pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “A pesquisa demonstra que há uma relação entre jogos de futebol e aumento de registros de violência doméstica. Naturalmente, não estamos sugerindo que a causa seja o jogo de futebol, que é uma paixão nacional, mas que este pode funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades de poder entre homens e mulheres, ao interagir com valores ligados à masculinidade, competitividade, rivalidade, hostilidade, pertencimento, virilidade e, por vezes, à frustração”, explica a coordenadora de Pesquisa e Impacto e de Enfrentamento às Violências contra Meninas e Mulheres do Instituto Avon, Beatriz Accioly.

Entre os registros de lesão corporal dolosa, o aumento em dias de jogos dos times das regiões observadas é de 20,8%. Já nos dias em que o clube é o mandante da partida e joga na própria cidade e estádio, o levantamento identificou o aumento de 25,9% de registros policiais. O estudo “Violência Contra Mulheres e o Futebol” também revela que, em sua maioria, os responsáveis pelas violências são os companheiros e ex-companheiros.

“O esporte e a paixão pelo time não podem abrir precedentes para violências contra meninas e mulheres. Para evitar que isso aconteça, é importante e necessário o debate sobre o assunto, principalmente com os homens. Para isso, precisamos contar com os próprios clubes e times. A exemplo, recentemente o São Paulo Futebol Clube e o Sport Club do Recife passaram a integrar a Coalizão Empresarial Pelo Fim das Violências Contra Mulheres e Meninas, assumindo o compromisso de intensificar ações internas com todas as categorias, com potencial de impacto na sociedade”, conclui Beatriz.

No primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram vítimas de feminicídio, média de 4 mulheres por dia. Este número é 3,2% mais elevado que o total de mortes registrado no primeiro semestre de 2021, quando 677 mulheres foram assassinadas. Os dados indicam um crescimento contínuo das mortes de mulheres em razão do gênero feminino desde 2019. Em relação ao primeiro semestre de 2019, o crescimento no mesmo período de 2022 foi de 10,8%, apontando para a necessária e urgente priorização de políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero.

Em sinal de alerta contra os crimes praticados dentro e fora dos estádios, a Confederação Brasileira de Futebol criou uma comissão para combater casos de violência e racismo no futebol. Relator de inúmeros processos de repercussão nacional, entre eles a punição ao time do Brusque por injúria racial, no caso “Celsinho”, do Londrina, em 2021, Maurício Neves Fonseca, vice-presidente administrativo do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, representa o STJD acompanhado de Paulo Sérgio Feuz (auditor) e Ronaldo Botelho Piacente (procurador geral) na comissão da CBF.

A comissão é formada por 46 representantes de mais de 30 instituições, entre elas clubes, Fifa, CBF, Conmebol, Federações, Ministério Público e o STJD. Nomes importantes da sociedade compõem o quadro: Marcelo Medeiros Carvalho (fundador do Observatório da Discriminação Racial no futebol), Onã Rudá Silva Cavalcanti (fundador do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ) e Arlete Mesquita (conselheira federal e vice-presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB), entre outros. Clubes filiados a todas as divisões do futebol (Séries A, B, C e D; além do A1, A2 e A3 do futebol feminino) já foram notificados da criação da comissão.

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