Um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta segunda-feira, 13 de janeiro, destaca as crescentes ameaças enfrentadas pelas crianças em todo o mundo. Conflitos armados, crises climáticas e sistemas financeiros disfuncionais compõem um cenário preocupante que ameaça o bem-estar de milhões de menores. O estudo aponta que o mundo está entrando em uma nova era de crises que impactam diretamente o futuro das crianças, exigindo respostas urgentes e coordenadas.
Mais de 473 milhões de crianças, ou quase 19% da população infantil mundial, vivem atualmente em áreas afetadas por conflitos. Este número, que praticamente dobrou desde a década de 1990, é reflexo de um cenário global marcado pelo maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o relatório, os conflitos estão não apenas mais frequentes, mas também mais intensos e violentos. Ataques deliberados a infraestruturas essenciais, como escolas e hospitais, são cada vez mais comuns, violando leis internacionais e colocando crianças em situações de extrema vulnerabilidade. Além dos riscos diretos à vida, essas crianças enfrentam deslocamento forçado, fome, doenças e impactos psicológicos devastadores.
Um desafio enorme, apontado pelo Unicef, é o sistema financeiro global. Governos de países em desenvolvimento enfrentam dificuldades crescentes para financiar investimentos essenciais devido a fatores como baixo crescimento econômico, aumento das dívidas e assistência ao desenvolvimento insuficiente.
Quase 400 milhões de crianças vivem em países com alto nível de endividamento e, sem reformas significativas no sistema financeiro global, esse número pode aumentar. O relatório evidencia a necessidade de decisões críticas em 2025 para reformar o sistema financeiro em favor das crianças, garantindo recursos para educação, saúde e infraestrutura básica.
A crise climática é outro fator que afeta desproporcionalmente as crianças, com impactos muitas vezes irreversíveis em seu desenvolvimento, saúde e educação. O Unicef alerta que os próximos anos são cruciais para implementar políticas robustas e alcançar metas climáticas globais.
O relatório enfatiza a necessidade de um financiamento adequado e equitativo para mitigar os efeitos da crise climática, além de sistemas de monitoramento eficazes para garantir a execução de medidas que protejam as gerações mais jovens.
Em meio a rivalidades geopolíticas e à paralisia de instituições multilaterais, o futuro da governança global será um fator determinante para enfrentar os desafios compartilhados. Em 2025, o mundo estará em um ponto crítico: ou unirá esforços para combater crises globais, ou arriscará fragmentar ainda mais os esforços coletivos.
Essa escolha impactará diretamente os direitos e o bem-estar das crianças, tornando essencial que os governos priorizem iniciativas que protejam os menores, especialmente em contextos de crise.
O relatório conclui com um apelo à ação global coordenada. Para proteger os direitos das crianças e garantir um futuro melhor, o Unicef defende o fortalecimento de sistemas nacionais baseados em inclusão, equidade e responsabilidade. Esses mecanismos devem mitigar os impactos das crises e assegurar que as necessidades das crianças estejam no centro das políticas públicas.
Além disso, o relatório pede maior comprometimento com a redução das desigualdades, financiamento sustentável para países em desenvolvimento e ações climáticas ambiciosas. Apenas com esforços coletivos será possível reverter os impactos devastadores dessas crises e criar um mundo mais justo e seguro para as próximas gerações.
O estudo do Unicef oferece um caminho claro: a necessidade de uma resposta global convergente para enfrentar os desafios que afetam milhões de crianças. Em meio às crises, a prioridade deve ser assegurar que os direitos das crianças permaneçam em destaque, garantindo um futuro onde possam viver com dignidade, segurança e oportunidade.
Foto: Diego Ibarra Sánchez / Unicef
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