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Começar um novo ano nos causa muitos sentimentos: medo, euforia, ansiedade, alegria, esperança…

Para uns, mais práticos, trata-se apenas da continuação de dias de suas vidas. Para outros, mais românticos, a chance de recomeçar.

Eu sempre fui, como boa canceriana que sou, do time dos mais românticos.

Sempre festejei o réveillon com o espírito de quem vai ter uma nova chance de fazer diferente, sonhar novos sonhos, cumprir novas metas, viver novas alegrias, errar novos erros…

Porém mesmo já sendo assim, não posso deixar de notar que neste ano que está começando, uma carga ainda maior de esperanças e expectativas me envolveu. Afinal, trata-se do que todos esperam que seja o ano final da PANDEMIA, todos esperam que seja um ano de reencontros, de mais levezas, de mais tranquilidade depois de tudo o que passamos.

Quando tudo isso começou aqui no Brasil, no início de 2020, a primeira fase da pandemia me fez pensar que as pessoas iriam mudar muito. Eu sabia que muitas iriam morrer, que muitas empresas iriam fechar, que teríamos que nos adaptar a circunstâncias muito difíceis e tudo isso me fazia acreditar que todos nós sofreríamos uma grande mudança interior.

Depois, veio a segunda fase e eu comecei a achar que havia me enganado redondamente. Vi egoísmo em tanta gente, o negacionismo de tantos, o pouco caso de muitos. As pessoas não estavam mais se importando umas com as outras e nem pareciam fazer questão de disfarçar.

E foi aí que eu percebi que pessoas até do meu convívio poderiam ser completamente diferentes de mim. Tão diferentes que jamais vou compreende-las. Nem elas, jamais, a mim. Falaremos línguas diferentes por toda a nossa existência e não há nada a fazer quanto a isso.

Veio a vacina e pudemos voltar a sonhar em ter nossas vidas de volta.

Finalmente pude perceber que, sim, é verdade, nem todos mudaram. Muitos permaneceram em suas bolhas exatamente do mesmo jeito que eram antes da pandemia.

Mas não me enganei de todo. Para algumas pessoas houve sim uma mudança sutil porém profunda, de comportamento. Percebo isso claramente em algumas. Ficaram mais simples, mais seletivas, mais conscientes …

Dizem que 2022 é o ano da consciência. O ano em que precisaremos lidar com as consequências dos nossos atos. Ano inclusive de eleições e veja o rumo que tomamos por tantas vezes votar errado. Jamais votamos pensando no coletivo. Sempre votamos pensando no que é melhor para cada um de nós. E onde isso nos levou? Olhemos ao redor e vejamos qual a situação do nosso país, encaremos a verdade nua e crua.

Que este ano que agora começa seja realmente de recomeçar. De recriar. De mudar, de tentar fazer diferente.

Que seja a tomada da consciência que tanto precisamos. Que a gente consiga compreender que o que é ruim pra maioria jamais será bom pra ninguém, mesmo que momentaneamente pareça.

Que façamos um ano novo realmente novo. Que nossos sentimentos de esperança superem os nossos medos. Que finalmente em 2022 a gente comece a pensar diferente, fazer diferente e quem sabe…votar diferente.

Desejo para este novo ano, um novo voto. Um novo caminho. Que ele não seja apenas a continuação de tantos erros cometidos por todos nós. Que seja, sem romantismo, sem ilusões, mas cheio de esperança, realmente o tempo de recomeçar…

Julia Fontelles
51 anos, empreendedora há mais de 30 anos, proprietária da Le Panier D’Amelie-Cestaria, especializada em cestas de café da manhã e de happy hours. E-mail julia.villasanti@live.com

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    1 Comentário

    1. A cada ano que vai e um outro que vem, as opiniões se divergem sobre este acontecimento. Na minha visão, é uma oportunidade para se pesar os pontos positivos e negativos e traçar um planejamento dentro da sua realidade e possibilidades para pôr em prática ações que realmente tenham um efeito positivo a curto e médio prazo. Seja na vida conjugal, nas finanças, no trabalho e onde mais se fizer necessário.

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