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Estou finalizando meu primeiro ciclo como paciente de Covid-19.

Passei os últimos dois anos fugindo do vírus, não estive em nenhuma aglomeração, nenhuma festa gigante ou show, porém, uma vez que tomei as vacinas voltei a me relacionar com amigos e a ter encontros esporádicos com pequenos grupos deles.

Então, quase dois anos depois do início da pandemia e uma semana depois de tomar a terceira dose eu testei positivo para a doença. 

Você já teve Covid-19? Se sim, já sabe o que vou relatar. A primeira coisa que a gente pensa quando recebe o resultado do exame é: “E agora?” Você sai de casa para fazer o exame e já volta para um isolamento que não sabe como será. 

Por sorte, meus sintomas desde o início foram muito leves, tive um dia de febre baixa, um pouco de tosse, dor de cabeça e mais nada. No quarto dia já não tinha mais sintomas. Então para mim o problema não foram esses, mas o caráter solitário deste vírus, onde você é obrigada a se isolar de tudo e de todos. Na minha casa somente eu apresentei sintomas. Meu marido fez o teste e deu negativo. Então eu fiquei dentro do quarto, por dias e mais dias e hoje quando pude sair perguntei até que dia era. 

A gente perde a noção.

Nos primeiros dias a gente acha que vai maratonar séries, ler livros e relaxar. Mas você não relaxa porque a preocupação não deixa. Eu me senti muito sozinha e no quinto dia meu astral mudou: fiquei triste e chorosa. 

As horas não passam, as costas começam a doer de tanto ficar deitada ou sentada na cama, a ansiedade é enorme.

Esses sim são os “sintomas” com os quais precisei lidar e não foi fácil.  

No entanto, caso eu não tivesse tomado as vacinas poderia ser muito pior. 

Eu tenho pulmões com capacidade respiratória reduzida. Todas as minhas gripes costumam complicar. Tive pneumonia algumas vezes e a última foi em novembro do ano passado. Eu vivia com muito medo de pegar o Coronavírus porque sentia que eu seria desses casos que agravam, devido ao meu histórico de saúde. Mas graças às vacinas, estou aqui, no final deste ciclo, com disposição e sobretudo com muita gratidão.

A “experiência Coronavírus” me fez dar ainda mais valor às medidas de segurança que precisamos adotar daqui pra frente, pois mesmo com sintomas leves como tive, o transtorno de ficar isolada por vários dias é enorme e gerou prejuízos. Deus me livre passar um problemão desses para mais alguém. 

Também me fez perceber a importância de ter uma rede de pessoas afetuosas à sua volta. Eu recebi muito carinho do meu marido, filhos, tios, e muitos amigos. Conversei por mensagens com muitas amigas, me diverti com elas, não me senti tão sozinha. 

Cuidei da minha saúde mental, só vi coisas leves, mantive o bom humor, não pensei em trabalho nem em nenhum problema. Rezei, rezei muito e meditei também.

Meu isolamento termina hoje e amanhã a vida já volta ao normal, graças à ciência.

Penso em todos aqueles que tiveram essa doença antes da vacina. Quantos não resistiram, quantos passaram meses internados, quantos lidam até hoje com as sequelas que a doença deixou? Quantos perderam grandes amores?

Quais as lições que tudo isso vai nos deixar? Nós nos tornaremos mais empáticos? Pensaremos mais no coletivo? Abriremos mão de alguns prazeres individuais pelo preço que isso pode causar ao bem comum?

Só o tempo vai dizer. Acredito que quem já era bom, ficou melhor. E quem era ruim, assim continuou. 

Da minha parte me resta ser digna da minha existência neste planeta. E se puder, me resta também insistir no recado: Vacinas salvam. Vacinem-se!

Julia Fontelles
51 anos, empreendedora há mais de 30 anos, proprietária da Le Panier D’Amelie-Cestaria, especializada em cestas de café da manhã e de happy hours. E-mail julia.villasanti@live.com

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