Publicado em: 15 de março de 2025
Nos últimos dias 11 e 12 de março, foi realizada a oficina do Projeto Marajó Resiliente, promovida pelo Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), que tem como objetivo o fortalecimento da economia comunitária marajoara. Oito negócios comunitários dos municípios de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari tiveram a oportunidade de mapear serviços prioritários e desafios que impactam seu crescimento e autonomia.
O levantamento identificou que apenas 25% dos negócios comunitários participantes têm acesso a serviços essenciais, como assessoria em gestão, assessoria jurídica, articulação social de base e logística. Além disso, a maioria destacou a necessidade de financiamento e soluções comerciais como fatores determinantes para o desenvolvimento sustentável dessas iniciativas.
A oficina contou com o apoio do Fundo Clima Verde (GCF) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID PAN).
O Projeto Marajó Resiliente visa fortalecer as redes de cooperação entre negócios comunitários, promovendo a estruturação e o acesso a mercados diferenciados para os empreendimentos locais. Durante a oficina, foram mapeadas as principais necessidades das associações e cooperativas participantes, permitindo uma visão estratégica do ecossistema de negócios comunitários na região.
A próxima etapa do projeto será a seleção dos negócios que integrarão oficialmente a iniciativa. Em seguida, será aplicada a ferramenta Formulário Trilhas de Desenvolvimento de Negócios Comunitários, desenvolvida pela Conexsus, que avalia três pilares essenciais para a sustentabilidade dos negócios: a gestão e governança, a atuação comercial e produtiva e o impacto socioambiental.
Essa análise aprofundada permitirá às organizações compreender seus pontos fortes e desafios, criando um plano de ação para fortalecer sua atuação no mercado e garantir maior viabilidade econômica e social.
Segundo Jedson Barbosa, presidente da AAFCA (Associação de Agricultores e Agricultoras Familiares de Soure), o acesso ao mercado foi um dos temas mais relevantes debatidos: “tivemos a oportunidade de aproximar nossas instituições e reconhecer o potencial de cada organização social. Discutimos novas possibilidades de conexão e identificamos parceiros estratégicos para ampliar nosso acesso a mercados diferenciados”.
Isabel da Silva Janaú, presidente da Cooperativa dos Agricultores e Agricultoras Familiares de Salvaterra (CAFAS), ressaltou que “conseguimos fazer um raio-x das nossas dificuldades e percebemos que muitos dos desafios são comuns entre nós. Agora, sabemos que, juntos, podemos encontrar soluções e fortalecer nossos negócios. Aguardamos ansiosos pelas próximas etapas do projeto, pois acreditamos que essa parceria será fundamental para superar os gargalos que impedem nosso crescimento”.
O Projeto Marajó Resiliente, desenvolvido em colaboração com a Autoridade Nacional Designada do governo brasileiro junto ao Fundo Verde do Clima, nasceu de um extenso processo de diálogo e consulta com comunidades locais, organizações da sociedade civil e governos em diferentes esferas. Sua implementação segue o modelo de governança participativa, adotado pela Fundación Avina, garantindo que as decisões sejam guiadas pelos princípios da adaptação de base local (LLAP), que coloca os atores comunitários no centro das estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas. A iniciativa responde a um problema que já afeta a vida dos moradores há anos, que vêm sentindo os impactos no clima, com a mudança nos períodos de verão e inverno, e a redução na produtividade das colheitas, reforçando a necessidade de um planejamento estruturado para mitigar os efeitos das alterações climáticas na região.
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