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Com o enredo “Pará
– O Muiraquitã do Brasil, Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da
fantasia
’, dos carnavalescos Cahê Rodrigues, Kaká e Mário Monteiro, com
pesquisa e texto de Cahê Rodrigues e Leandro Vieira e consultoria de Sergio Oliveira, a escola de
Samba Imperatriz Leopoldinense, fundada em 1959, homenageia o Pará no carnaval
de 2013.
Olhem aí a sinopse:
PARÁ – O MUIRAQUITÃ DO BRASIL
“Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia.”
(Eça de Queiroz)
Bateu com o pé direito no chão com mais força, depois cuspiu para
frente! Pronunciou duas ou três vezes com voz rouca: Hê, hyá, hyá, hyá, e seguiu
dizendo:
Cúara tece o início do dia
É de manhã!
O oby tinge a retina dos
olhos de quem vê
Chocalho de cobra, onça pintada, ariranha, garça branca e guará!
Cheiro de mato.
É o Uirapuru quem canta
primeiro.
Levo as mãos à pedra verde: Dê-me a sorte oh Muiraquitã!
O ibitu sopra o destino
das águas
Faz o verde do aningal se
apekúi
Por de trás da folha verde se vê o povo Tupinambá!
No corpo, seu manto sagrado de pena
Na alma, a incorporação do poder de um gavião real!
Festança de índio, dia para ritual!
É Karajá, Tapajó, Kayapó, Arara, Araweté, Munduruku e Assurini.
Sou morubixaba de tudo
que se vê por aqui!
No verde encontrei riqueza, “jóia” de índio!
A riqueza que “karaiba” gostou:
O sabor do açaí, a fibra do cupuaçu, tucumã, taperebá e bacuri.
Peixe do rio, caroço da inajá!
É meu, mas eles querem!
A cobiça cruza nossas águas em barco grande
Os olhos do Mapinguari vê
A boiúna faz as águas se apekúi
É gente que chega! Gente de todo canto
A taba pinta o corpo pra
luta
Tupã faz o céu roncar!
Tá guardado no seio da natureza a riqueza que eles procuram
De tudo um pouco eles querem levar
Do ouro da serra à seiva que escorre
da ferida no tronco da árvore
Faz seus olhos brilharem!
A “fortuna” que a borracha do tempo ainda não pode apagar!
Tá aqui até os dias de hoje
Em fachada de casa
Em cristal de lustre que “alumeia” a beleza do theatro.
Até hoje é assim!
Pra falar de riqueza pelas bandas daqui,
tem que voltar pra floresta
O dono da terra é quem ensina como é que faz
pra lidar com a natureza
Pois é dessas matas que as sementes colhidas
vão enfeitar outros chãos.
Dar adeus a floresta nativa, ser polida, joia cabocla…
sonho de artesão.
Nesse dia, quando o homem aprender com a gente daqui,
a natureza respeitar
Todo povo vai sair na rua pra cantar.
Nas terras do Marajó, Marabá, Santarém ou em Belém.
Nossa gente vai festejar:
Traz jambu, camarão seco,
tucupi e mandioca.
Oferta a toda gente o tacacá!
Leva o Boi pra rua
Faz festa pra saudar o Boto!
Põe a Marujada pra dançar!
Saia de roda e estampa florida
Roda menino, gira menina
Canta a ciranda mais bonita
Dança o Carimbó e o Siriá!
“Treme” o Povo do Pará!
O artesão fez a sua peça mais bela para ofertar:
Cestaria, cerâmica, um trançado de juta
Da cabaça ele fez cuia, do Miriti arte para brincar!
O Romeiro ergue as mãos
Fita com os olhos o azul que tinge o céu.
A santa ouviu a prece do caboclo:
Na corda dos milagres, graça alcançada.
São Mãos que sangram em fé!
Nessa longa caminhada.
Outubro se faz agora!
Meu povo já está na rua
Do altar do carnaval se avista o andor e a berlinda florida
 A voz do povo faz o canto ecoar
mais uma vez
Quem pede é o folião,
Por hoje, romeiro de fé:
Oh Santa!
Dai-me nas Cinzas desta quarta-feira,
O caminho para mais uma vitória
E uma alegria para a vida inteira!
O Pará, seu sabor, seu cheiro, sua gente, suas tradições,
estão na Avenida.
É a Imperatriz quem lhe apresenta aos olhos do mundo:
No futuro, um exemplo a ser seguido.
GLOSSÁRIO:
Hê, hyá, hyá, hyá – Canto tupinambá
Cuara – sol
Oby – verde
Ibitu – vento
Apekúi – alvoraçar
Morubixaba – cacique,
chefe da tribo
karaíba – homem
branco
Mapinguari –  ser
lendário com o corpo todo coberto de pelos, com a aparência de um
enorme  macaco, um único olho na testa e uma boca gigantesca que se
estende até a barriga.
Boiúna – cobra
grande
Taba – casa de
índio
Muiraquitã– espécie de
amuleto da sorte para os índios

Kayapó, Mundurucu, Assurini, Tapajó, Tupinambá: etnias indígenas
Aningal – vegetação
característica das ilhas e margens dos rios e igarapés amazônicos.
Cupuaçu,Tucumã, Bacuri,
Taperebá –
Frutas da região
Jambu – erva típica
da região e do Estado do Pará.
Tucupi –tempero
de cor amarela extraído da raiz da mandioca.
Tacacá – iguaria regional
do Pará.
Siriá – Dança  originária
do município de Cametá, no Pará.
Carimbó
manifestação cultural do povo paraense, misturando dança, ritmo e canto.
Marujada –manifestação
do folclore paraense.
Treme” – mistura de música eletrônica
a outros ritmos populares do Pará.
Berlinda – espécie
de veículo com oratório envidraçado que leva a imagem da santa no Círio de N.
S. de Nazaré.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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