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Vem chegando junho, e, com ele, as águas se vão diminuindo, até aparecerem as matas pequenas, os furos e os igapós espelhados na Amazônia. Com o recuo das águas, mudam-se os humores da floresta, o fluxo dos peixes, a direção dos pássaros e todo o ritmo da vida, que é ditado pelo curso das grandes e pequenas águas (cheias e vazantes).

Junho é também um mês de memórias. Os folguedos infantis às margens das ruas, as danças, as quadrilhas, o boi-bumbá, as danças de aves folclóricas, os mingaus da época, a pamonha de milho, as cocadas docinhas, a fogueira disputando a noite com uma lua enorme nos céus! Junho é o mês perfeito para brincar de ser criança de novo, ainda que em pensamentos.

Emergem na memória tempos pretéritos para quem viveu a adolescência antes da internet, nas pequenas cidades míticas da Amazônia. Naqueles tempos, celebrávamos com fogueiras os dias dos Santos de junho. São muitos os santos do mês de junho, mas trago à memória os mais célebres e festivos.

Santo Antônio de Pádua:

No dia 13 de junho, a festa de Santo Antônio de Pádua, o santo nascido em Lisboa, Portugal, em 1195. Santo Antônio, que foi Franciscano, dedicou sua vida à pregação do Evangelho e à ajuda aos necessitados. Santo Antônio, o padroeiro dos pobres, oprimidos e dos objetos perdidos, é o santo “casamenteiro” das festas de junho. Nas quadrilhas populares, tem fama de auxiliar os jovens a encontrarem o amor. Trago à memória o início das festas juninas, das bandeirinhas de papel, das brincadeiras na calçada e dos primeiros fogos de artifício acordando a noite.

São João Batista:

Em 24 de junho, é a festa de São João Batista. A igreja conta que João Batista nasceu em uma família sacerdotal em Israel no primeiro século. Diz-se que foi profeta e que batizou Jesus nas águas do rio Jordão. São João me lembra as fogueiras, os foguinhos de artifício, as bombinhas estridentes e as travessuras juvenis. João é um santo de afeto, da memória acesa na chama de cozer mingaus quentinhos, de jogos infantis na calçada das casas sem muros, noite adentro, de contação de causos esdrúxulos e de histórias de visagem amedrontando crianças à noite.

São Pedro:

29 de junho, dia de São Pedro, era um marco saudoso de despedida do mês festivo. A última fogueira acesa para o santo que é conhecido como “chaveiro dos céus”. Pedro é padroeiro dos viúvos, dos pescadores e do Papa. Sua festa é celebrada em 29 de junho e em 22 de fevereiro. Com a festa de Pedro, o fim de um ciclo de festas trazidas para nós na bagagem dos antigos viajantes do velho mundo. 

Pelo calendário lunar de 2025, haverá lua cheia no céu do dia 11 do mês. Que venha junho, e, com ele, as memórias que se constroem e as que vêm à tona neste mês de festas coloridas!

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