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Entre os dias 25 e 29 de abril, a Fundação Cultural do Pará (FCP) terá uma programação em alusão ao Dia Internacional da Dança, celebrado mundialmente no dia 29. A homenagem terá como palcos principais o Teatro Experimental Waldemar Henrique e a Casa das Artes. Durante cinco dias, artistas-pesquisadores, coletivos, companhias e docentes se reúnem para compartilhar experiências criativas, promover oficinas técnicas e debater a dança enquanto linguagem estética, política e pedagógica.

A abertura da programação acontece na sexta-feira, 25, às 18h, no Teatro Waldemar Henrique, com a palestra “Habitante-Criador”, ministrada pela artista-pesquisadora Mayrla Andrade. Doutora em Educação e mestre em Artes, Mayrla convida o público a mergulhar nos bastidores do seu processo criativo no âmbito do projeto Ciclo de Desmontagem Solo. “É um presente comemorar essa data num teatro, convocando o encontro entre aqueles que amam a dança e desejam partilhar saberes e fazeres que refletem o corpo amazônico em movimento”, afirma.

No sábado, 26, o Ciclo de Desmontagem continua com a apresentação do solo “Herondina”, da artista Darciana Martins, às 17h. Com formação em Dança pela UFPA e trajetória desde 2008 na cena paraense, Darciana mergulha nas memórias periféricas e afetivas que constroem sua poética. Para ela, a programação destaca o valor da representatividade e da diversidade cultural. “Colocar corpos pretos no centro da cena é reafirmar que a dança também é resistência e espaço de cura”, destaca.

Ainda no sábado, às 18h30, o projeto “Texturas Contemporâneas” traz uma palestra-demonstrativa sobre o espetáculo “Fala”, da Cia Moderno de Dança. Composta por artistas-pesquisadores de múltiplas áreas, a companhia propõe uma dança atravessada por diferentes saberes. “A programação da Casa das Artes sublinha a dança como campo de conhecimento vital à expressão humana”, pontua a bailarina Luiza Monteiro, integrante da companhia.

Às 20h30, o Coletivo Croa encerra a noite com a palestra sobre o processo criativo de “Corpos de Tambor”, obra que une dança, teatro e cultura popular. Atuando desde Ananindeua, os artistas do coletivo defendem que iniciativas como essa fortalecem a cena paraense para além dos festivais competitivos. “A partilha de processos é fundamental para manter viva a produção autoral na dança da Amazônia”, ressalta Renan Rosário, integrante do grupo.

No domingo, 27, às 19h, o público poderá assistir ao espetáculo “Nas mãos do Santo Preto”, resultado de uma parceria entre a Escola de Teatro e Dança (ETDUFPA) e a Escola de Música (EMUFPA) da UFPA. Coreografada por Carlos Dergan e Gabrielly Albuquerque, a obra é composta por intérpretes de diversas formações e valoriza expressões afro-brasileiras em sua narrativa coreográfica.

Encerrando a programação, nos dias 28 e 29 (segunda e terça-feira), a Casa das Artes oferece workshops intensivos, das 9h às 17h, em parceria com o projeto “Memórias da Dança da ETDUFPA”, coordenado por Carlos Dergan. As aulas práticas vão abranger técnicas de pas de deux, dança contemporânea, jazz e dança moderna, ministradas por professores convidados. A proposta é direcionada a estudantes, profissionais e interessados que buscam aprofundar a formação técnica na linguagem da dança.

Para Dergan, a celebração do Dia Internacional da Dança vai além do calendário: é uma afirmação da arte como prática transformadora. “A programação conecta o presente ao legado de Jean-Georges Noverre, criador do balé moderno, reforçando o papel da dança na preservação da identidade cultural e na formação cidadã”, afirma o professor e coreógrafo.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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