Publicado em: 26 de março de 2025
“A Barca”, projeto de um espaço de memória, arte, educação, gastronomia e acolhimento idealizado por Suane Barreirinhas e Inêz Medeiros, lideranças da Vila da Barca, está com campanha de financiamento coletivo aberta na plataforma Benfeitoria, no formato “tudo ou nada” — ou seja, o valor total precisa ser atingido para que os recursos sejam efetivamente aplicados.
A Vila da Barca, localizada no bairro do Telégrafo, em Belém, surgiu no início do século XX a partir da migração de ribeirinhos das ilhas vizinhas que buscavam vender seus produtos nas feiras de Belém. Hoje, cerca de 4 mil pessoas vivem no local — muitas em condições precárias de saneamento, moradia e acesso a políticas públicas. O nome da comunidade tem origem em uma embarcação encalhada, cujas madeiras foram usadas na construção das primeiras casas.
É nesse território — marcado por desafios, mas também por uma forte cultura de solidariedade e resistência — que nasceu o projeto “A Barca”. Ele será edificado em um terreno adquirido pelas idealizadoras, que já atuam na comunidade com iniciativas como a “Barca Literária”, um projeto de incentivo à leitura e pré-vestibular comunitário.
O centro comunitário será uma casa de palafita ecológica construída com participação da comunidade, seguindo referências arquitetônicas amazônicas e respeitando os ciclos do rio e saberes locais. A proposta, assinada pela Bein Construções, reúne múltiplas funções: museu comunitário, galeria de arte, cozinha industrial e restaurante com gastronomia paraense, píer/café com vista para o pôr do sol, hospedaria coletiva com redário e horta comunitária com compostagem orgânica. É um projeto de impacto cultural, ambiental, social e econômico, que busca gerar emprego, renda, formação e pertencimento.
Com três pavimentos, a casa terá áreas integradas de recepção, auditório, espaço de coworking, restaurante, bar com deck molhado, hospedaria, lavanderia e plataforma flutuante, além de horta comunitária. O museu e a galeria vão resgatar e divulgar a memória da Vila da Barca e de outras periferias amazônicas, enquanto oficinas, palestras e capacitações serão realizadas de forma gratuita.
O projeto se articula com diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como erradicação da pobreza, igualdade de gênero, saúde e bem-estar, educação de qualidade, saneamento, energia limpa, turismo sustentável e redução das desigualdades. A expectativa é gerar 10 empregos diretos e 10 indiretos, com foco na valorização do trabalho feminino, especialmente de mães solo da comunidade.
Com um orçamento básico de R$ 1.017.079,50, “A Barca” não inclui ainda os custos com equipamentos industriais, móveis e energia renovável. A meta inicial da campanha de financiamento coletivo na Benfeitoria é alcançar o valor necessário para viabilizar a primeira fase da obra.
Além de se tornar um referência em turismo de base comunitária e cultura amazônica, o projeto quer mostrar que as periferias podem ser centros de inovação social, arte e desenvolvimento sustentável. “A gente não sabe o quanto um sonho pode ser ousado”, diz Inêz Medeiros. Para Suane Barreirinhas, “A Barca é o centro para a manutenção do nosso bem viver”.
A campanha está no ar e recebe contribuições de R$10 a R$5.000, comrecompensas simbólicas e afetivas, como o nome do apoiador gravado na estrutura da casa e a oportunidade de assistir ao Círio Fluvial diretamente do deck— com vista privilegiada para uma das maiores celebrações religiosas e culturais do país.
As doações podem ser feitas por Pix, cartão de crédito ou boleto, de forma segura, por meio da plataforma Benfeitoria.
Confira o projeto:
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