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Quando a Gabi me convidou para escrever sobre games no Uruá-Tapera, além de muita satisfação e gratidão, ficou comigo uma pergunta: por que games? Afinal, uma publicação que se destaca principalmente por lançar luz sobre questões para as quais governos e até a sociedade às vezes relegam apenas trevas não parecia ser o lugar mais óbvio para falar sobre algo que, a princípio, é puro entretenimento. A princípio, apenas.

Assim como eu sou, a princípio, jornalista. A princípio porque foi realmente o começo. Estudar jornalismo significa também estudar comunicação e suas linguagens, sua estética. E já em 2006, na Universidade Federal de Juiz de Fora, eu descobri que comunicação é um negócio complexo, do qual o jornalismo é apenas um pedacinho! E, apaixonado que me tornei por esse fenômeno, resolvi investiga-lo a fundo: publicidade, televisão, internet, cinema… e vídeo games! Pouca gente lembra que os games são uma mídia, tanto quanto essas outras e, portanto, fazem parte desse grande reino que é a comunicação. Por isso mesmo os estudei também durante meu mestrado… em comunicação!

A princípio, isso seria razão suficiente para eu escrever publicamente, claro. Mas não no Uruá, que, como já falei, tem um propósito muito claro e corajoso: informar de verdade, no sentido mais etimológico. “Formar por dentro”, fortalecendo uma sociedade mais consciente e justa.  

E falando em sociedade, é bom saber que, a princípio, os games são hoje uma das mídias mais importantes e que mais crescem. Uma pesquisa apontou que 40% da população mundial joga vídeo games e esse número tende a crescer mais, já que o mercado de games é mais rentável do que as indústrias do cinema e de música combinadas – também a princípio, já que esse dado é discutível, mas é o bastante para termos uma ideia da dimensão e da importância dos “joguinhos”.

E como funciona esse mundo, que joga e lucra com jogos cada vez mais? Quais são as vozes nele representadas? Com que cores o mundo que a gente conhece e vive todos os dias é pintado nos games? Como você ou suas filhas, irmãos, primas, tios, netas, sobrinhos ou amigas serão influenciados por essa mídia que não apenas fala conosco, mas que, essencialmente, espera que interajamos com ela? Foi pensando nisso tudo e no quanto eu acredito no potencial dos games para a criação artística que abandonei uma carreira de 11 anos em comunicação empresarial para estudar game design na Universidade de Ciência Aplicadas de Colônia, na Alemanha, onde vivo atualmente.

E é pensando nisso tudo que eu vou escrever por aqui. Não trazendo notícias sobre games, mas comentando-os criticamente. Assim como você está acostumado a ler sobre cinema ou exposições de arte nos cadernos de cultura, nesta coluna você vai ler sobre jogos e como eles estão – ou poderiam estar – impactando diretamente a sua vida e a vida daqueles ao seu redor.

E para quem ainda vê os games como simples distração ou fonte de alienação, eu diria que essa pode realmente ser uma primeira impressão. Mas, como parece ser a sina desse texto, há muito para ser visto, apreciado, experimentado e discutido do que se pode ver a princípio…

Fonte da imagem: Aksioma – Institute of Contemporary Art Ljubljana

*O artigo acima é de total responsabilidade do autor.

Dimas de Lorena Filho
É jornalista com mais de 10 anos de experiência em comunicação corporativa em empresas como Experian, Monsanto e Bayer. Largou da chupeta por causa do videogame. E fez mestrado só pra poder estudar "joguinho". Atualmente, estuda Game Design na Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, na Alemanha.

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