Publicado em: 3 de junho de 2025
A décima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2025 escancarou realidades opostas para os dois gigantes do Pará. Enquanto o Remo sofreu sua primeira derrota, no domingo (01), quebrando uma invencibilidade importante, o Paysandu mergulha cada vez mais em uma crise profunda, que parece não ter fim. O vexame dentro de casa, como uma atuação pífia, diante do Criciúma por 1 a 0, nesta segunda (02), não foi apenas mais um tropeço – foi a constatação de que o planejamento para a temporada é um completo equívoco.
No lado bicolor, a situação é dramática. Com apenas 4 pontos em 10 jogos, o Paysandu segue na lanterna da competição e vive um calvário que escancara problemas que vão muito além das quatro linhas. O time em campo é o reflexo de uma comissão técnica apática (até então comandada por Luizinho Lopes), de um elenco mal montado, e, principalmente, de uma diretoria completamente desconectada da realidade do mercado da bola e das exigências que a Série B impõe. A demissão do treinador após mais um revés não é solução, é apenas mais um sintoma de uma crise de gestão estrutural. Mas, de fato, era uma mudança necessária, posto que, na gestão geral do clube, não deverá haver alterações significativas.
O drama atual é, na verdade, fruto de anos de decisões equivocadas. Desde 2017, o Paysandu coleciona percalços administrativos e esportivos, que culminaram no rebaixamento para a Série C em 2018, seguido por cinco longos anos na terceira divisão (2019 a 2023) e uma queda vertiginosa no Ranking Nacional de Clubes (RNC). A tão sonhada volta à Série B, que deveria significar um recomeço, virou um pesadelo. O torcedor, que sempre foi o maior patrimônio do clube, vê seu time completamente perdido, sem direção, sem reação, e com uma gestão incapaz de entender a urgência que a situação exige.
Falta tudo: planejamento, comando, leitura de mercado, inteligência na montagem do elenco e, sobretudo, senso de realidade. A cada rodada, a pressão cresce e a esperança diminui. Se não houver mudanças drásticas e imediatas no rumo do futebol bicolor, o risco de mais um rebaixamento é real e palpável.
Enquanto isso, o Remo vive uma situação bem diferente. A derrota por 2 a 0 para o CRB em Maceió quebrou a invencibilidade azulina, mas não chega a ser motivo para desespero. O Leão mostrou poder de reação, buscou o empate até o fim, mas faltou aquilo que vinha sendo sua marca nas rodadas anteriores: efetividade nas finalizações. O CRB foi cirúrgico, enquanto o Remo pecou nas conclusões, em especial no segundo tempo, no qual chegou a desperdiçar um pênalti.
Fora de campo, há o dado novo na troca do executivo de futebol: sai Sérgio Papelin, que retorna à série A e ao Fortaleza, e chega Marcos Braz, controvertido ex-dirigente do Flamengo – e que contribuiu decisivamente com o sucesso recente do clube rubro-negro.
O revés no jogo no estádio Rei Pelé serve como alerta: a partir de agora, a equipe precisará entender que os adversários estão mais atentos às suas virtudes e trabalham para anular seus pontos fortes. O modelo de jogo está consolidado, o elenco é competitivo, mas a caminhada até a Série A exige ajustes, foco e resiliência. Goiás já disparou na liderança da competição e a equipe azulina, neste recorte, está na sexta posição na tabela, com 17 pontos. Cada rodada será uma batalha, e a resposta na próxima partida dirá muito sobre a capacidade de reação do time.
O contraste atual é visível – e preocupante para o bicolor paraense. Enquanto o Paysandu segue perdido em meio aos próprios erros de planejamento, o Remo, apesar do tropeço, segue firme na parte de cima da tabela, com a estrutura, com uma enorme disponibilidade de investimentos, e com bons jogadores para seguir sonhando com o acesso.
Para o futebol paraense, a Série B tem sido um verdadeiro teste de gestão, competência e capacidade de adaptação. E, infelizmente para o torcedor bicolor, o Papão ainda não encontrou nenhuma dessas respostas. É tempo de despertar e de virar a chave, para o Papão. E para o clube azulino, é manter o foco e buscar antídotos diante dos próximos adversários.
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