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Se você mora no Brasil, sabe o que aconteceu na última semana. Brasileiros de direita foram às ruas para declarar apoio ao presidente e pedir, entre outras coisas, o fechamento do STF com a consequente derrubada de todos os ministros, o fechamento do congresso e o voto impresso (que já foi votado e não passou).
No seu discurso do tão esperado 07 de Setembro, Bolsonaro ofendeu a honra do ministro Alexandre Moraes, e declarou que não iria mais seguir nenhuma ordem que viesse do STF, nem se submeteria ao resultado das urnas caso perdesse a eleição. Sob gritos de “eu autorizo” ainda declarou que iria reunir o “conselho da República” para tomar atitudes. Ou seja, deu a entender que o golpe aconteceria.
A Constituição prevê a convocação do Conselho da República apenas em casos de intervenção federal, Estado de Defesa e de Sítio. O colegiado reúne o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, líderes da maioria e da minoria no Congresso, o ministro da Justiça e outros seis integrantes, nomeados pelo Executivo e pelo Legislativo.
O que veio em seguida?
Caminhoneiros em greve, queda drástica da bolsa, subida do dólar. O país que já estava ruim, ficou em minutos muito pior.
Para quem empreende tem sido uma verdadeira aventura cercada de desafios viver nesse país. No supermercado os alimentos aumentam todas as semanas. A gasolina e o gás pela hora da morte e a alta enorme na energia elétrica também não ajudam. O dólar tão alto interfere até no preço do trigo. Como não repassar esse aumento aos clientes? E se repassar, como manter esses clientes?
Mas eis que muito provavelmente o presidente foi avisado de que havia chegado a um limite. Dalí, se continuasse, estaria por conta própria. Não poderia reunir com o conselho da República. A reunião veio mesmo com alguns ministros, que passaram o dia tentando consertar o estrago do maior mandatário do país
A única solução: Pedir desculpas ao STF e negar imediatamente tudo aquilo que havia falado antes e tudo aquilo que vinha falando há meses justamente ao seu eleitorado. Que confusão!
A cartinha do Temer (em coautoria do Alexandre de Moraes como se soube depois) no dia 09 fez bem ao país. Basta ver os números, eles não mentem. Dólar abaixou, bolsa subiu.
A cada vez que se tem estabilidade, ou seja, que a democracia é mantida e que as instituições são respeitadas, a economia responde de forma melhor.
O recuo do Bolsonaro de longe foi a melhor coisa que ele fez em muitos meses. Não era o que os adoradores que foram às ruas queriam, não era o que ele havia prometido ao SEU eleitorado, mas foi o que é melhor para o Brasil nesse momento.
Os seguidores mais radicais do presidente não percebem, mas a manifestação seguida do seu discurso ensandecido foi o maior tiro no pé que ele já deu, todavia a cartinha de desculpas o colocou de volta aos trilhos da racionalidade e até mesmo, se ele continuar equilibrado (o que convenhamos, duvido muito) no caminho ao menos de competir por uma reeleição. Basta ele ficar quieto.
Como empreendedores que somos, temos que torcer para que o presidente se mantenha assim, quieto e calado. Estabilidade é tudo o que precisamos. Ninguém investe em país cuja democracia vive sendo posta em risco. E sem investimento estrangeiro nós vamos para o buraco. Para a pobreza. O dólar sobe todas as vezes que investidores retiram seu dinheiro daqui e abaixa quando eles investem, entendem? É por isso que o que acontece na bolsa de valores impacta até mesmo a venda de bolos da D. Maria. Dólar alto faz os insumos subirem.
Você como empreendedor, não endosse sandices, seja de que ideologia você for. Não queria ver o circo pegar fogo porque é você que se queima. Não fale em derrubar STF e congresso, porque é você quem cai.
Bastou um sinal de paz do presidente para que a economia respirasse um pouco. Você viu na prática o que acontece quando se cria um clima onde a democracia fica ameaçada. O Brasil tem solução e vai sair desta crise se todos ajudarmos. Nós empreendedores não devemos fomentar a discórdia e a instabilidade política. Nós perdemos quando o mercado pressente a instabilidade, entenda isso. O que precisamos é de paz.

Julia Fontelles
51 anos, empreendedora há mais de 30 anos, proprietária da Le Panier D’Amelie-Cestaria, especializada em cestas de café da manhã e de happy hours. E-mail julia.villasanti@live.com

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