Enquanto o dia ainda despertava na última quinta-feira, 06 de março, os primeiros profissionais já estavam a postos na Unidade Básica de Saúde (UBS) Fluvial de Abaetetuba, no porto da cidade, para iniciarem a jornada de 16 dias pelos rios da Amazônia. O município, que em seu território tem 72 ilhas, foi o ponto de partida da missão composta por médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e outros profissionais que embarcaram com o propósito de levar cuidados médicos e vacinas a comunidades ribeirinhas de difícil acesso. Em cada parada, a garantia de um direito fundamental: a saúde.
A estratégia de Busca Ativa Vacinal, uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com governos e organizações locais, tem desempenhado um papel crucial na retomada da imunização infantil. O mundo inteiro enfrenta um preocupante cenário de queda nas taxas de cobertura vacinal, e alcançar crianças que vivem em áreas remotas tornou-se um desafio para o sistema de saúde pública. Capacitados para identificar crianças com doses atrasadas, os profissionais desempenham um trabalho essencial para reverter esse quadro.

A prefeita Francineti Carvalho ressalta a importância da UBS Fluvial de Abaetetuba, atualmente em processo de melhorias, como um recurso essencial para o atendimento da população. Um dos avanços registrados no município foi o crescimento da cobertura vacinal. Entre 2020 e 2023, por exemplo, os municípios certificados pelo Selo Unicef, incluindo Abaetetuba, ampliaram em 17,7% a cobertura da vacina Tríplice Viral, um aumento significativamente superior à média nacional, que ficou em apenas 2,6%.
Abaetetuba, em 2024, conquistou pela terceira vez a certificação do Selo UNICEF. Para que possam ser contemplados com o Selo, os municípios devem promover avanços em áreas estratégicas, desde a educação infantil até a inserção no mercado de trabalho, além de assegurar a saúde física e mental, o fornecimento de água potável e a adoção de práticas de higiene. Também é essencial fortalecer a proteção contra a violência e garantir apoio social às famílias em situação de vulnerabilidade, com atenção especial às que pertencem a povos e comunidades tradicionais.

A jornada da UBS Fluvial não é apenas uma questão de saúde, mas também de logística. A unidade está abastecida com vacinas armazenadas em temperaturas adequadas, além de medicamentos e insumos básicos para os atendimentos. Durante as paradas, vacinas são aplicadas no pátio da embarcação, enquanto nos consultórios improvisados os atendimentos médicos não cessam. Para muitas dessas comunidades, essa é a única oportunidade de acessar serviços de saúde.
O UNICEF tem alertado sobre a necessidade de ampliar os esforços para garantir a imunização infantil. De acordo com a organização, a pandemia de COVID-19 agravou a queda das coberturas vacinais, tornando milhões de crianças vulneráveis a doenças que podem ser prevenidas. Em 2023, dados do Ministério da Saúde indicavam que a cobertura vacinal para doenças como poliomielite e sarampo estava abaixo dos 80%, quando o ideal é alcançar pelo menos 95% do público-alvo. Em regiões ribeirinhas e indígenas, essa realidade é ainda mais desafiadora devido às barreiras geográficas. Os profissionais de saúde da UBS Fluvial não apenas aplicam as doses necessárias, mas também conscientizam as famílias sobre a importância da vacinação.
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