0

A estiagem severa traz terríveis privações aos ribeirinhos amazônicos, principalmente a falta de água potável e alimentos, além de grandes distâncias a serem percorridas para ir buscar ajuda. A beleza de paisagens que muitos nunca tinham presenciado esconde a realidade cruel do desabastecimento, isolamento, fome e morte. Em Oriximiná, o prefeito Delegado Fonseca liderou uma grande ação envolvendo mais de trinta comunidades da região dos rios Erepecuru e Cuminá, levando água potável, motobomba, mangueira, caixa d’água, equipe médica, hipoclorito e sais de hidratação. Mas é necessário muito mais. O município está em emergência decretada.

A Mineração Rio do Norte (MRN), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o governo do Pará e o governo federal estão colaborando na ação humanitária junto à população atingida. A iniciativa conta também com a parceria das associações comunitárias, que têm sido fundamentais na mobilização dos comunitários, além do apoio de entidades e empresas como a Coopbarcos, Pantoja Navegação e Mercantil Oliveira.

Focos de incêndio agravam ainda mais os efeitos dramáticos da maior seca neste século, com os rios chegando a baixar até 20cm por dia, inviabilizando a pesca e qualquer atividade, portos, o transporte de pessoas e alimentos. No fim de semana passado, uma vila inteira desapareceu após um deslizamento às margens do rio Solimões (AM). Pela proximidade com o estado do Amazonas, a chamada Calha Norte é a região do Pará que mais sofre as consequências da estiagem, exacerbada pela combinação do El Niño com o aquecimento das águas do Atlântico Norte, que torna as chuvas ainda mais escassas e pode fazer com que a seca se estenda até janeiro, o que afetaria meio milhão de pessoas.

Nesta última quinta-feira, 2, as equipes e voluntários se deslocaram até as comunidades do Abuí, Mãe Cué, Paraná do Abuí, Sagrado Coração de Jesus, Santo Antônio e Tapagem, que integram a Associação Mãe Domingas, para entregar cestas de alimentos e água potável para 356 famílias quilombolas.

O coordenador da Associação Mãe Domingas, Ari Carlos Printes, esta desolado. “A seca deixa um sofrimento muito grande. A escassez de água e a falta de alimentos são os principais problemas que as comunidades estão enfrentando. Com a falta de água potável, as pessoas ficam doentes e aumentam os problemas na saúde também”.

O chefe substituto do Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio Trombetas, Misael Freitas, comenta: “a seca histórica vivida neste ano tem imposto diversas dificuldades às famílias que vivem na região do rio Trombetas. Atuar em parceria nesses momentos de crise é uma das principais estratégias para se obter êxito nas ações pretendidas”. A rede de colaboração e apoio das lideranças comunitárias, a exemplo da Associação das Comunidades das Glebas Trombetas e Sapucuá (ACOMTAGS), está presente em toda a organização, desde o recebimento da demanda até a entrega dos insumos.

Cestas básicas e água potável foram levadas aos moradores da região dos lagos Maria Pixi, Sapucuá 1 e Sapucuá 2, onde vivem 1.217 famílias. No território quilombola do Alto Trombetas II, para 380 famílias, além das comunidades Bom Jesus e Vila Boa Esperança, ambas no Lago do Batata, onde 129 famílias foram atendidas.

Além das comunidades de Oriximiná, milhares de famílias de outros municípios, como Terra Santa e Faro, estão precisando imensamente de apoio e solidariedade.

Nas fotos de Vítor Almeida Bemerguy, o lago Iripixi e rio Nhamundá, secos e cheios de pedras, cujos moradores do entorno estão martirizados.

Nomeado novo bispo do Marajó

Anterior

Brasil assina Declaração de Bletchley na Cúpula Internacional sobre Segurança da Inteligência Artificial

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários