A Polícia Federal deflagrou cedinho nesta quinta-feira (28) a operação Cobiça, em combate a crimes ambientais, lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa na região do Tapajós, oeste do Pará. Foram cumpridos 21 mandados de busca, 4 mandados de prisão (dois coronéis da PMPA e dois empresários), sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento da função pública, em Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia. Na residência do Tenente Coronel Campos, comandante do Batalhão de Itaituba, a PF utilizou explosivo para derrubar a porta de um dos quartos, que ele não queria abrir, e nesse momento Campos destruiu três telefones celulares de sua propriedade, tendo recebido voz de prisão em seguida. Já na casa do Coronel Pedro, comandante de Policiamento Regional, um apartamento luxuoso no 24° andar do Edifício Unique, na praça das Flores, em Santarém, a PF fez um cerco por volta de 6h da manhã. Ele também se recusou a abrir a porta de determinado cômodo, por isso os policiais federais derrubaram-na com explosivo e o militar foi preso. Ambos foram conduzidos à sede da PF em Belém do Pará.
Também foram alvos de busca e apreensão as casas do Major Jarlisson, Capitão Scalabrin, Sargentos Mendes, Jackson, Vinícius e Carneiro e Cabo Sales. Foram apreendidos pelo menos oito carros de luxo, celulares e joias, além de ouro e dinheiro, em montante ainda não contabilizado.
Os PMs recebiam pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal, em troca de facilitar e não reprimir os crimes cometidos, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal, à disposição das empresas inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais da PMPA.
A PF informou que um dos empresários presos já foi condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.
O ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku, uma das mais devastadas pelo crime e que está em processo de desintrusão, em grande operação também com participação da PF.
O esquema causou danos ambientais em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida na guia de utilização expedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Entre 2020 e 2021, o grupo econômico teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão, extraindo muito mais minérios do que o autorizado, em locais proibidos.
A operação Cobiça surgiu a partir da operação Ganância, da Polícia Federal, em Rondônia, que investigou desvio de recursos públicos federais na prestação de serviços de UTI aérea, em 2022.
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