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A Galeria Theodoro Braga, no CENTUR, em Belém, receberá novamente “Mil Marias e 18 ODS”, que reune obras de vinte e três artistas paraenses em uma exposição da força e resiliência feminina na Amazônia. A reabertura, marcada pela vernissage nesta quinta-feira, dia 23 de janeiro, às 19h, traz uma programação ampliada, incluindo rodas de conversa e oficinas gratuitas que promovem maior interação entre o público e as artistas.

O projeto, idealizado em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), destaca questões urgentes como desigualdade social, preservação ambiental, identidade cultural e desafios urbanos, temas especialmente relevantes para o contexto amazônico.

“Tecendo Futuros”, de Thay Petit

Marta Cardoso, curadora e uma das artistas participantes, destaca a conexão entre as pautas dos ODS e a vivência cotidiana das mulheres nortistas. “Os ODS da ONU não são preocupação apenas para gestores ou lideranças. Nós que somos nortistas e prejudicados em diferentes esferas temos propriedade para falar sobre desigualdade, opressões, sobre recursos naturais, desafios da vida urbana, identidade e tantos outros aspectos resumidos em cada Objetivo. Conduzir os ODS para as obras não foi difícil para as artistas, pois são bandeiras que muitas já levantam em suas carreiras e desafios que elas vivem como amazônidas, mulheres, mães, filhas, empreendedoras, periféricas, pretas, gays, ativistas… Enfim, cada uma com seu repertório”

“A Colheita”, de Julia Goulart

A exposição também ganha destaque em um ano marcante para a cidade de Belém, que sediará a COP-30, conferência internacional sobre mudanças climáticas. “É gratificante poder levar a exposição para um público ainda maior, pois são temáticas atuais e urgentes, que ganham dimensão especial em Belém em ano de COP-30. Aqui na Theodoro Braga encontramos o espaço ideal para dar continuidade a esse projeto já bem-sucedido, por ser um espaço que atrai um público ávido por cultura. E mais especial ainda é propor uma agenda de atividades que convidam os visitantes a mergulhar nas obras e temáticas, além de interagirem com as artistas do coletivo”, completa Marta.

“A mão que macera ervas traz a cura”, de Boto Psicodélico

Os trabalhos apresentados em “Mil Marias e 18 ODS” utilizam diversas técnicas, como grafite, esculturas em papel, fotocolagem, bordado e pintura sobre tela. Cada obra reflete a experiência, luta e criatividade das mulheres amazônidas, tecendo uma narrativa que destaca a potência do feminino na Amazônia.

Para a artista visual e co-curadora Renata Segtowick (que assina a obra “Água e Vida” que é a imagem de destaque desta matéria) ocupar a Galeria Theodoro Braga com essa exposição é uma conquista significativa: “Levar essa exposição para a Galeria Theodoro Braga significa para mim uma grande vitória. As artistas que fazem parte dessa coletividade, incluindo eu, buscam esse lugar de ter seu trabalho enxergado, de viver dessa profissão tão difícil como a nossa, ainda mais sendo mulher e tendo que se desdobrar em tantas funções. E trabalhar um tema tão necessário para o mundo e pra nossa região, então, é maravilhoso”.

“Entre Cinzas e Raizes e Matriz Amazônica”, de Dannoelly Cardoso

Uma das novidades desta edição é a programação paralela, com oficinas e rodas de conversa que ampliam a experiência dos visitantes. Ryssa Tomé, artista visual e oficineira da exposição, ressalta o impacto transformador dessas atividades: “Ter a oportunidade de apresentar a oficina de Introdução à Fotografia é muito especial para compartilhar minha paixão e conhecimento sobre essa arte que me move há nove anos. Conectar essa experiência com a exposição Mil Marias torna tudo ainda mais significativo, pois é um espaço de troca e construção coletiva, onde a fotografia ganha vida como instrumento de expressão e empoderamento”.

“Laço”, de Ryssa Tomé

A programação inclui roda de Conversa com as Artistas – no dia 25 de janeiro, às 10h; Oficina de Colagem Analógica, com Júlia Goulart – no dia 8 de fevereiro, das 15h às 18h; e Oficina de Iniciação à Fotografia, com Ryssa Tomé – no dia 22 de fevereiro, das 9h às 17h.

“Ensinar Sobre As Águas”, de Mandy Modesto

A exposição estará aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com visitas guiadas. Nos sábados em que houver programação paralela, o espaço também será aberto, ampliando as oportunidades para que mais pessoas conheçam o trabalho das artistas. A entrada e a participação nas oficinas são gratuitas. Mais informações podem ser obtidas diretamente no local ou por meio das redes sociais da Fundação Cultural do Pará.

“Sonho Vegetal” e “Infância Verde”, de Lorena Rodrigues

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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