Mafalda, a icônica personagem argentina dos quadrinhos que odeia sopa e ama os Beatles vai ganhar uma nova vida na Netflix. A série animada, que ainda não tem data de estreia confirmada, será dirigida por Juan José Campanella, cineasta argentino vencedor de vários prêmios, incluindo um Oscar pelo filme “O Segredo dos Seus Olhos”. Numa carta dirigida aos fãs, ele revelou sua conexão sentimental com a personagem, que começou quando ele tinha apenas seis ou sete anos e comprou sua primeira revista em quadrinhos da Mafalda, apesar dos avisos de seus pais de que ele não entenderia as histórias. O cineasta contou que ler as obras da criança rebelde foi essencial para seu desenvolvimento pois o incentivou a aprender novas palavras e a explorar temas complexos desde a infância.
Vários anos depois, já adulto, Campanella teve a oportunidade de conhecer Quino, o criador de Mafalda. Os dois compartilharam o desejo de apresentar a personagem a uma nova geração que, muito provavelmente, ainda não a conhece. “Agora, doze anos após esse encontro inesquecível, enfrentamos o desafio de transformar Mafalda em um clássico da animação”, disse o realizador durante um evento em Buenos Aires. Ele destacou a importância de manter o humor, o ritmo, a ironia e as observações sociais que são a marca registrada de Quino.
Mafalda foi criada em 1964 e rapidamente conquistou corações em todo o mundo com sua visão crítica e bem-humorada sobre a sociedade e a política. Nascida para ser parte de uma campanha publicitária de eletrodomésticos que nunca foi ao ar, a menininha ganhou o planeta nas páginas da revista “Primera Plana” e no jornal “El Mundo” de Buenos Aires. Lá, Mafalda e seus amigos começaram a dar voz às inquietações e aos dilemas de uma sociedade em transformação. Suas reflexões ácidas sobre o mundo adulto a transformaram em um símbolo cultural argentino e sul-americano.
Quino, alcunha de Joaquín Salvador Lavado Tejón, faleceu em 2020 e deixou um legado imortal. Sua obra foi traduzida para mais de trinta idiomas e continua a servir de inspiração para as novas gerações de leitores e artistas. Com apenas seis anos de idade (assim como a sua amiga brasileira Mônica), Mafalda é uma menina de cabelos negros, fita na cabeça, mente afiada e uma visão crítica sobre a sociedade, a política e a condição humana. Ela explora questões como a guerra, a desigualdade social, os direitos das mulheres e a liberdade de expressão. Em cada tirinha, a menina expressa sua frustração com o estado do mundo, preocupando-se com o futuro da humanidade e questionando o papel das grandes potências, sempre com uma pitada de ironia e sarcasmo. Sua aversão à sopa tornou-se uma metáfora para a rejeição de tudo o que ela considera imposto ou irracional. Seus amigos – Felipe, Manolito, Susanita, Miguelito e Libertad – cada um com suas próprias características e visões de mundo, ajudam a dar profundidade às suas reflexões.
A série será produzida em colaboração da Netflix com o estúdio argentino Mundoloco CGI e promete preservar a essência da criação de Quino. Campanella, que descreve este projeto como o maior desafio de sua carreira, está empenhado em reconectar as novas gerações com Mafalda, mostrando que suas críticas sociais e seu humor são tão relevantes hoje quanto eram nos anos 1960.
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