Publicado em: 3 de abril de 2025
Ubiraci Conceição é um poeta cordelista e trovador paraense, membro da Academia Paraense de Literatura de Cordel e da Academia de Letras de Ananindeua. Já publicou três livros: Sonhos-Poemas” “Ultraleveando-Poemas” e “Glosando em Cima do Mote”, e é autor de dezenas de cordéis e trovas. Nascido em Breves, arquipélago do Marajó, no dia 24 de janeiro de 1954, Ubiraci e sua família foram vítimas de gravíssima violência praticada por integrantes da Polícia Militar do Pará, um enredo aterrorizante e inadmissível no Estado Democrático de Direito.
Na segunda-feira, dia 31 de março, às 16h, nada menos que trinta policiais em pelo menos dez viaturas da Polícia Militar e da Rotam invadiram a residência de Ubiraci Conceição, 71 anos. O imóvel é dividido em seis moradias, tipo vila, onde moram seus filhos e parentes, e todos ficaram reféns e impedidos de entrar em suas próprias casas, sob mira de armas de fogo. Levaram seu neto para dentro e secaram dois garrafões de água para molhar um lençol, a fim de sufocá-lo, em sessão de tortura. Em seguida “plantaram” drogas, que disseram terem sido encontradas. Mataram o marido da sua neta, alegando que ele reagiu e revidaram. O rapaz foi assassinado no banheiro da casa da irmã de Ubiraci, Nazaré, colocado em uma rede e assim o levaram para a UPA de Icoaraci, tudo isso sem a família saber, pois só escutaram os tiros, não podiam entrar nem sair, sob pena de também serem mortos com a justificativa manjada de “confronto”. Apreenderam uma carteira de identidade, passe livre do idoso, cartão de crédito da neta de Ubiraci e seu celular. Depois devolveram o RG e o celular sem o chip.
Não havia mandado judicial de busca e apreensão e nem de prisão. Nenhum dos PMs se identificou na operação e, ainda, levaram o HD do genro de Ubiraci, porque no local há câmeras e assim subtraíram provas da violência praticada contra a família. Mas pessoas filmaram a invasão e há vídeo mostrando os policiais carregando o morto em uma rede, colocando-o na viatura e levando o corpo. Tudo isso, vejam só, porque há dez anos a família teria abrigado um certo Davi, oriundo de Macapá, e que deu o endereço de Ubiraci como seu.
A família do poeta foi à Corregedoria da Polícia Militar do Pará denunciar os fatos e pedir urgentes providências, assim como irá à Promotoria Militar do Ministério Público do Pará, requerer a imediata identificação e afastamento de todos os militares envolvidos, abertura de PAD e a merecida expulsão dos quadros da Corporação, que não deve abrigar torturadores. Também serão acionadas as comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da OAB-PA e a Comissão de Direitos Humanos da Alepa. A família tem direito, ainda, à reparação dos danos materiais e morais sofridos, pelos quais o Estado tem responsabilidade solidária, já que foram praticados por seus agentes.
Ubiraci vem recebendo manifestações públicas de solidariedade e apoio de várias instituições, mas, com justa razão, além do luto e do trauma pelo que vivenciou, está com medo e sua família precisa ser protegida de novos crimes.
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