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Em viagem de férias, tive o privilégio de assistir, no último dia 14 de julho, a apresentação, em primeira audiência (estréia mundial), de minha música Valsa Santarena nº 55 (Coro a 4 vozes mistas, Orquestra, Piano e Percussão), no Festival Música das Esferas de 2007, promovido por iniciativa e direção do maestro Sérgio Igor Chnee e do pianista Paulo Gazzaneo. O evento foi realizado no interior do Estado de São Paulo e a execução da valsa, sob a regência da maestrina Sílvia Luisada, ocorreu nas cidades de Bragança Paulista e Serra Negra, pelo Coral e a Orquestra Filarmônica de Santo Amaro (SP), a quem a peça é dedicada. Compus esta valsa originariamente em 2005, porém, a pedido da maestrina Sílvia, escrevi novo arranjo orquestral em 2007, com colaboração de meu filho Vicente Fonseca Filho, na parte da percussão.
Sobre o festival, manifestou-se o maestro Sérgio Chnee, na edição nº 16 de sua apreciada Coluna do Maestro (Newsletter), de maio de 2007:
“Estou vivendo um momento tão especial que qualquer outro assunto seria e soaria como menos importante. Isto porque eu finalmente estou concretizando a realização de um de meus sonhos: o nascimento de um festival de música!
O Festival Música das Esferas (FMDE) – Festival de Música de Bragança Paulista – 2007 – surge em um momento muito auspicioso.
Os amigos que acompanham a minha carreira devem se lembrar que o meu avô, Maestro Demétrio Kipman, egresso da Rússia, fundou uma orquestra na cidade paulista de Bragança Paulista em 1931. Um dos primeiros spalla da orquestra foi o violinista Raphael Barker. Pois quis o destino que os netos de Kipman e Barker se tornassem grandes parceiros e amigos.
Assim, a partir destas raízes bem plantadas, estamos criando o FMDE sob a Direção Pedagógica do pianista Paulo Gazzaneo (neto de Barker) que muito me honra em poder estar a seu lado na Direção Artística deste festival.
Haverá múltiplas atividades do dia 02 de junho a 18 de julho de 2007. Haverá oficinas culturais de flauta doce, canto coral, violão e percussão destinadas à população em área de vulnerabilidade social. Além disso teremos também os cursos acadêmicos para todos os instrumentos da orquestra sinfônica, além de cursos de piano, música de câmara e regência.
Também teremos cursos de aperfeiçoamento para professores de música e interessados em geral. Quanto à programação de concertos, teremos mais de vinte grupos com diversas formações e estilos acontecendo em vários pontos da cidade, e o que é mais importante: todos os eventos serão abertos ao público com entrada franca!
Ainda temos a felicidade de anunciar que o compositor paraense Vicente José Malheiros da Fonseca está escrevendo uma peça para ser estreada especialmente em nosso festival e que teremos, inclusive, a participação de um professor vindo diretamente da Finlândia para engrossar as nossas fileiras!
Era uma vez um homem que a todos recebia com o mesmo amor e carinho. A muitos ele educou através das ciências, a outros através da arte. Mas a lição mais profunda foi a sua disponibilidade para o próximo.
Em tonalidade maior e ao som de trombetas celestiais nasce este FMDE como tributo a Demétrio Kipman. Que a centelha divina que nele brilhava e a todos inspirava nos acompanhe durante todos os dias do FMDE. E que seja mais uma descendência a levar a sua voz a gerações e gerações futuras de amigos e músicos!!!”
Como registrei em outro artigo, compus a “Valsa Santarena nº 55” inspirado na figura da Profª. Rachel Peluso, pois a última vez que a vi, em vida, foi em 02.05.2004, na data de seu aniversário, quando ela fazia 96 anos. Naquela ocasião, era inaugurada, na Casa da Cultura de Santo Amaro (SP), a “Sala Rachel Peluso”.
Durante o evento, em Bragança Paulista e Serra Negra, pude conhecer muitas pessoas, músicos, cantores, instrumentistas, jornalistas, enfim, novos amigos.
Deles todos recebi gestos de carinho e consideração, pedidos de autógrafos e encomendas para escrever novas composições musicais, que constituem estímulos na carreira de qualquer compositor: peças para piano solo e a quatro mãos; para flauta; para canto; e até o hino do Coral de Santo Amaro.
Antes das férias, ainda escrevi algumas composições. É o caso de um duo para trompete e percussão, intitulado de “Motivo Tapajônico”, composto a pedido da percussionista Cláudia Oliveira Lacourt (integrante do Duo Marakadon e do Quinteto TACAP), que esteve recentemente em Belém, para participar do 20° Festival Internacional de Música do Pará. Ela deverá tocar o duo em companhia do trompetista Ayrton Benck Filho, que integra o conceituado Sexteto Brassil, da Paraíba.
A percussionista Cláudia Oliveira, que mora na França, revelou-me que desejava prestar uma homenagem a meu saudoso pai (Wilson Fonseca) – como de fato ocorreu em 18 de junho de 2007, no Conservatório “Carlos Gomes”, em Belém –, porque foi o Maestro Isoca que lhe entregou, em 1984, o diploma de graduação no curso de música, em cerimônia realizada no Theatro da Paz, quando ela tocou duas músicas de meu pai: “Samaritana” e “Lundu”. Na ocasião, Isoca lhe deu um conselho que ela jamais esqueceu: “nunca pare de estudar!”. Até hoje, Claudinha, pós-graduada no exterior, guarda a foto da entrega de seu diploma pelas mãos de Isoca. Uma relíquia que ela me emprestou para copiar. Eu também quis guardar o momento de tanta sabedoria.
Outro dia escrevi um maxixe – gênero musical muito apreciado por meu avô José Agostinho da Fonseca – em homenagem a Jana Figarella, jovem cantora santarena que vem fazendo sucesso nacional. O maxixe deixa a gente todo prosa, não é mesmo?
Do violonista Salomão Habib, professor do Conservatório “Carlos Gomes”, de Belém, veio a interessante proposta para a edição de uma coletânea de transcrições e composições de minha autoria para violão. Um desafio realmente instigante.
A professora Ana Maria Souza comunicou-me que incluirá no repertório do Coral de Cantores Contemporâneos da Escola de Música da Universidade Federal do Pará, para apresentação no Encontro de Arte (ENARTE), músicas minhas – “A Lenda da Vitória-Régia” (letra de Emir Bemerguy), “Batuque” (letra de Bruno de Menezes) e “Dança na Roça” – e de meu pai (“Lenda do Boto”), inspiradas em temas amazônicos. Nada mais adequado do que valorizar a cultura regional. Só assim seremos universais.
O talentoso casal Dione Colares (soprano) e Leonardo Coelho de Souza (piano) apresentará, em breve, um recital de canções de minha autoria, idealizado pelo conceituado pianista paraense. Em homenagem à atual Diretora do Theatro da Paz, compus a “Canção para Dione”, que certamente será incluída no programa.
Ainda no segundo semestre de 2007, o Grupo Música Antiga – “Concertos Espirituais”, do Conservatório “Carlos Gomes”, executará músicas minhas e de meu pai, escritas especialmente para o grupo, que se dedica à música barroca e é integrado por Flauta Doce, Viola da Gamba e Cravo, sob a direção da cravista Gelda Silva.
Enfim, do barroco ao contemporâneo, da valsa santarena ao maxixe, do motivo tapajônico aos temas amazônicos, das canções ao violão, tudo é música. À bênção, meu pai Isoca, eterno mestre, na vida e na arte.

vjmf@terra.com.br

Vicente Malheiros da Fonseca
Vicente José Malheiros da Fonseca é Desembargador do Trabalho de carreira (Aposentado), ex-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Belém-PA). Professor Emérito da Universidade da Amazônia (UNAMA). Compositor. Membro da Associação dos Magistrados Brasileiros, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 8ª Região, da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, da Academia Paraense de Música, da Academia de Letras e Artes de Santarém, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, da Academia Luminescência Brasileira, da Academia de Música do Brasil, da Academia de Musicologia do Brasil, da Academia de Música do Rio de Janeiro, da Academia de Artes do Brasil, da Academia de Música de Campinas (SP), da Academia de Música de Santos (SP), da Academia Paraense de Letras Jurídicas, da Academia Paraense de Letras, da Academia Brasileira de Ciências e Letras (Câmara Brasileira de Cultura), da Academia Brasileira Rotária de Letras (ABROL) - Seção do Oeste do Pará, da Academia de Música de São José dos Campos (SP), da Academia de Música de São Paulo. Membro Honorário do Instituto dos Advogados do Pará. Sócio Benemérito da Academia Vigiense de Letras (Vigia de Nazaré-PA).

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