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Segundo o relatório intitulado “Impactos econômicos de investimento em bioeconomia no Pará”, elaborado pelo WRI Brasil, a injeção de R$ 720 milhões em 13 cadeias produtivas da bioeconomia pode resultar em um crescimento de R$ 816 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) estadual, gerar 6,6 mil empregos diretos e elevar em R$ 44 milhões a arrecadação fiscal, além de movimentar R$ 135 milhões em massa salarial.

O estudo será apresentado em um webinar gratuito nesta terça-feira, dia 25 de março, que reunirá especialistas, investidores e gestores públicos para debater os caminhos e gargalos para a consolidação da bioeconomia como eixo estratégico de desenvolvimento da região. O evento acontece no contexto da preparação do Pará para sediar, em 2025, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, ampliando a visibilidade global do estado no debate sobre soluções sustentáveis para a Amazônia.

Os pesquisadores utilizaram uma Matriz de Insumo-Produto regionalizada, já aplicada em relatórios anteriores sobre a nova economia da Amazônia, para calcular os efeitos econômicos dos investimentos. A análise demonstrou que cada R$ 1,00 investido na bioeconomia paraense gera R$ 1,13 no PIB, R$ 0,19 em salários e R$ 0,06 em impostos indiretos. Os retornos são ainda maiores dependendo da etapa da cadeia produtiva: R$ 1,14 quando o recurso é aplicado na produção de matéria-prima, R$ 1,27 na industrialização dos produtos e R$ 1,40 na comercialização.

Foram avaliadas 13 cadeias da bioeconomia, entre elas a de produtos amplamente associados à sociobiodiversidade amazônica, como o açaí, castanha-do-pará, borracha de seringueira, mel de abelhas nativas e cupuaçu. O estudo demonstra que essas cadeias possuem capacidade de gerar desenvolvimento econômico com baixa pressão ambiental, respeitando a vocação ecológica da região e valorizando a floresta em pé.

O levantamento destaca que o Pará detém a maior capacidade da Amazônia Legal para impulsionar a demanda por produtos da bioeconomia por meio de políticas públicas de compras institucionais. Programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) — que determina que pelo menos 30% dos recursos sejam destinados à agricultura familiar — e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são citados como estratégias essenciais para dinamizar mercados locais, estimular o consumo de produtos da sociobiodiversidade e promover a inclusão produtiva de pequenos produtores e comunidades tradicionais.

A expansão da bioeconomia no Pará beneficia de forma direta populações indígenas, quilombolas, agricultores familiares e pequenos empreendedores urbanos, que historicamente enfrentam desafios para acessar o mercado, crédito e políticas públicas. A bioeconomia, nesse sentido, se apresenta como uma alternativa concreta ao modelo de exploração predatória, promovendo uma repartição mais justa dos benefícios e fortalecimento das economias locais.

O levantamento identificou um volume de R$ 1,7 bilhão a R$ 1,8 bilhão em recursos já captados, em negociação ou com potencial de captação para ações climáticas no Pará. Deste montante, cerca de R$ 720 milhões são diretamente direcionáveis à bioeconomia. No entanto, para transformar esse potencial em resultados efetivos, o estudo aponta a necessidade de enfrentar gargalos em infraestrutura logística, acesso ao crédito, rastreabilidade de produtos e adaptação do ambiente regulatório.

Ainda há obstáculos, por exemplo, na comercialização de produtos da sociobiodiversidade, principalmente em cadeias com foco em exportação, que exigem maior estrutura de transporte, certificação e garantia de origem. Outro ponto de atenção são os impactos territoriais de grandes projetos exportadores, que podem ameaçar comunidades tradicionais se não forem acompanhados por políticas de proteção e repartição justa dos ganhos.

O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que atua no desenvolvimento de soluções para promover justiça climática, uso sustentável dos recursos naturais e comunidades resilientes. Integra a rede global do World Resources Institute, presente em diversos países e continentes, e colabora com governos, setor privado, universidades e sociedade civil em projetos de impacto ambiental, social e econômico.

Foto: Joana Oliveira/WRI Brasil

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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