Publicado em: 16 de dezembro de 2015

Fotos: Cristino Martins
O caboclo amazônida é super criativo. Primeiro inventou, em épocas remotas, a peconha, a fim de subir na palmeira de açaí e tirar os cachos do fruto. A atividade é arriscada, a pessoa se suja, fica arranhada e ainda por cima leva muitas ferroadas de formigas. Isto quando não despenca do açaizeiro e se fere gravemente. Depois, veio o uso de uma vara com uma foice na ponta, para cortar e deixar cair. Mas não raro o que cai é a foice na pessoa. Um perigo! Pois Edilson da Costa, de Abaetetuba(PA) inventou, então, o apanhador e debulhador de açaí, no início deste ano, e agora o equipamento foi selecionado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no quesito ‘Boa Prática de ATER’, no eixo “Agricultor experimentador”, e fará parte da edição 2015 do Caderno “Boas Práticas de ATER na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária”.

O invento está registrado sob o título “Inovação Tecnológica na Agricultura Familiar e a Segurança do Trabalho em Abaetetuba/Pará: Apanhador e Debulhador de Açaí”. Que é nada mais que uma vara de alumínio, medindo três ou seis metros, com um mecanismo na ponta. “De um lado uso uma faquinha, que faz o corte; depois que deixo o cacho menos preso à palmeira, uso o outro lado, que tem um engate, e puxo a vassoura para baixo com uma corda que funciona como elevador. Faço isso em 30 segundos. Cada um custa R$ 300”, conta Edilson, feliz da vida.
Foi o próprio Edilson quem produziu todas as peças, soldou, testou e regulou. “Houve erros, fui aperfeiçoando. Tem peconheiro que diz para mim que é mais rápido sozinho que usando o apanhador, mas sozinhos eles não conseguem descer muitos cachos, fora que isso cansa muito mais”, argumenta.
O mais bacana é que, além de apanhar, a geringonça debulha o açaí. “A gente tirava com o dedo, arrastando os galhinhos do cacho até cair todos, mas isso feria a mão. Alguns eram duros e deixavam a mão preta. Então pensei que se tivéssemos uma garra, como aquele super-herói, o Wolverine, seria mais fácil. Pensei em fazer algo parecido, como um pente para escovar a vassoura do açaí” (sic), relata o inventor.
Edilson Costa é um dos agricultores orientados pela equipe da Emater no município de Abaetetuba, no Baixo Tocantins. E a pesquisa já rendeu outras descobertas: o caroço de açaí batido substitui a lenha, por exemplo. Tecnologia simples e barata, que a Emater tem incentivado os agricultores a usarem nas casas de farinha. É o caso de José Brandão Jr..
Em um dia fazendo farinha, para aquecer os fornos seriam necessários dez metros cúbicos de lenha. Com o caroço do açaí são cinco sacas, cerca de 40 quilos por dia. “Além da vantagem financeira, o sistema de ventoinha consegue direcionar a intensidade do fogo, o que diminui o risco de queimar. O caroço pode estar molhado que pega fogo do mesmo jeito, diferente da lenha. Depois ainda pego as cinzas e uso de adubo”, gaba-se o ribeirinho.
Em um dia fazendo farinha, para aquecer os fornos seriam necessários dez metros cúbicos de lenha. Com o caroço do açaí são cinco sacas, cerca de 40 quilos por dia. “Além da vantagem financeira, o sistema de ventoinha consegue direcionar a intensidade do fogo, o que diminui o risco de queimar. O caroço pode estar molhado que pega fogo do mesmo jeito, diferente da lenha. Depois ainda pego as cinzas e uso de adubo”, gaba-se o ribeirinho.
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