Publicado em: 15 de abril de 2025
Aos 125 anos, que completará no próximo dia 3 de maio, a Academia Paraense de Letras elegerá hoje (15) nova diretoria, através do voto direto de seus membros. O sistema Vota Net, do TRE do Pará, será utilizado pela Comissão Eleitoral, composta pelos acadêmicos Cláudio Guilhon, Benedito Wilson Sá e Antonio José de Mattos Neto, que a preside. Também será possível votação presencial e via aplicativo.
Concorrem duas chapas, a Irmãos de Letras, integrada por Ivanildo Alves (presidente), Leonam Gondim da Cruz Jr. (vice-presidente), Nazaré Mello (1ª Secretária), Homerval Thompson (2º Secretário), João Augusto de Oliveira (Diretor de Finanças), Franssinete Florenzano (Diretora de Biblioteca) e Ernane Malato (Diretor de Arquivo). A chapa Nova APL é composta por Sebastião Godinho (presidente), Zenaldo Coutinho Jr. (vice-presidente), Linomar Bahia (1º Secretário), Célio Simões (2º Secretário), Ronaldo Menezes (Diretor de Finanças), Denis Cavalcante (Diretor de Biblioteca), e Walbert Monteiro (Diretor de Arquivo).
Como é público e notório, sou a “fona”, a caçula da APL, aquela que ainda não tem tempo para sentar à frente e à janela, e de início recusei o convite para integrar a chapa Irmãos de Letras. Fui convencida em razão da necessidade de uma composição forjada nos ideais de uma Academia aberta, palpitante e que fortaleça a luta pelas Letras e Artes da Amazônia parauara, em um ambiente sereno e condizente com a presença de expoentes do pensamento literário e filosófico.
Forçoso é reconhecer que, no contexto sombrio da pandemia, quando o silêncio se impôs às vozes e os salões da APL se viram vazios em nome da prudência sanitária, Ivanildo Alves assumiu a APL e deu continuidade à obra meritória do professor Alcyr Meira. Reformou o jardim do casarão, que agora tem nos dois quadrantes fontes de água povoadas por peixes, e onde estão eternizados em placas de granito sonetos da poeta Sarah Rodrigues e do saudoso José Wilson Malheiros da Fonseca, além do busto do Barão de Guajará.
Por sua vez, na atual gestão, a dedicação do confrade e desembargador Leonam Cruz Jr. resultou na doação, pela Equatorial Energia, de aparelhos de ar-condicionado e de placas solares à APL, além da pintura geral do prédio do Sodalício.
O salão ganhou restauro e placa e busto alusivos ao fundador da APL e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará, e foi batizado com seu nome o plenário, onde são realizadas memoráveis noites de autógrafos de autores paraenses.
Ivanildo Alves investiu em relações internacionais e a APL celebrou um pacto cultural de envergadura com a academia lusitana de Trás-os-Montes. Desde então, são reconhecidas coirmãs e já protagonizaram múltiplas atividades culturais em solo brasileiro e português. A APL também passou a manter intercâmbio cultural com a República Tcheca, através de vários convênios estabelecidos entre as duas instituições, firmados com a embaixadora tcheca no Brasil, Pavla Havrlíková, que já veio muitas vezes ao Pará, com a interveniência do confrade Ernane Malato, cônsul honorário daquele país.
Zelando pelo patrimônio histórico que é o casarão e a integridade dos membros da APL, Ivanildo Alves guarneceu seus muros com concertinas e confiou a guarda do recinto a um casal de cães, assegurados todos os cuidados condizentes com a dignidade da vida animal — abrigo adequado, tratamento veterinário, imunização regular, alimentação balanceada e dosagem medicamentosa. A simples presença deles se revelou eficaz sentinela contra os recorrentes furtos e roubos que ameaçavam a instituição.
O presidente Ivanildo Alves também restaurou o piano da Academia Paraense de Letras, datado de 1917, que no ano passado foi tocado em concerto do renomado pianista theco Vaclav Pacl.
O novo fardão dos acadêmicos foi criado pela estilista paraense e coordenadora do curso de Moda da Unama, professora Felícia Maia, de forma a prestigiar e divulgar os talentos parauaras.
Também foi conquista da gestão de Ivanildo Alves a realização do II Encontro Nacional de Academias Estaduais de Letras em Belém do Pará, em 2024, quando foi publicada uma obra conjunta da APL e de Academias de todo o Brasil, evento bienal que só poderá acontecer de novo no Pará daqui a seis décadas. E pela primeira vez na história um presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi, veio participar de uma sessão na APL em Belém.
A Academia Paraense de Letras está aberta diariamente desde o dia 2 de abril de 2025, das 8h às 13h.
A gestão de Ivanildo contratou Mei Paes Loureiro Habib, especialista em marketing digital, para cuidar do site e das redes sociais da APL, além de editar a revista da Academia, que está disponível em versão digital.
A APL retomará este ano seu concurso literário, que terá divulgação nacional, a fim de evidenciar novos talentos e incentivar a produção dos autores amazônidas parauaras.
Para a próxima gestão, já está delineada a reorganização da Biblioteca da Academia Paraense de Letras, ligando-a às grandes bibliotecas do mundo, oferecendo aulas gratuitas em vídeo que abarcarão os principais movimentos literários do Brasil e do mundo, da literatura quinhentista aos experimentos estilísticos do século XX, passando pelo Barroco, Arcadismo, Romantismo, Parnasianismo, Naturalismo, Simbolismo e Modernismo.
Por outro lado, o Panteão da Imortalidade, erguido com recursos próprios do presidente Ivanildo no Cemitério de Santa Izabel, foi doado à Academia Paraense de Letras, e lá estão sepultados cinco acadêmicos.
Qualquer que seja o resultado eleitoral, o mais importante é que todos os envolvidos merecem respeito e certamente cumprirão as propostas, todas convergindo para o engrandecimento das letras e artes.
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