Publicado em: 24 de outubro de 2025
Vivemos um momento em que os valores éticos, democráticos e de respeito aos direitos humanos parecem ter virado pó junto com corpos e prédios bombardeados pelo Estado de Israel na faixa de Gaza.
Temos assistido, e nem sempre “bestializados”, como diria o jornalista Aristides Lobo, a diversas tentativas de subversão da ordem democrática aqui, no Sul Global, ou no Norte laranja, todas elas travestidas de “defesa da liberdade de expressão”, como se a verdadeira liberdade não viesse revestida de reponsabilidade e respeito aos princípios legais e sacramentados em cláusulas pétreas nas Cartas Magnas.
Tristemente todos os dias presenciamos toda ordem de iniciativas que visam minimizar ou mesmo questionar os efeitos da crise climática no mundo. Daqui a poucos dias nossa capital, Santa Maria de Belém do Grão Pará, será sede da maior conferência sobre o clima, a COP30, que paradoxalmente já inicia com a contraditória autorização para exploração de combustíveis fosseis, bem aqui, na Foz do Amazonas, a ameaçar comunidades, rios, fauna e flora. A nos ameaçar em nome de um conceito positivista “o tal progresso”, que não contempla nossa diversidade.
Sim, minhas caríssimas e meus caríssimos. Citei apenas algumas questões angustiantes da nossa contemporaneidade que, no meu singelo olhar, deveriam ser as angústias diárias de todos e todas aqueles e aquelas que escolheram exercer a melhor profissão do mundo, como bem disse certa vez nosso inesquecível Gabo.
É disso que se trata nossa função aqui nesta Academia, inquietar. Não nos é facultado mirar o olhar para a realidade “ bestializados”.
E, para finalizar, recorro novamente a Garcia Marques, pois exercemos uma prática que “só pode ser digerida e humanizada por sua confrontação visceral com a realidade”.
Fotos: Daniel Quadros




















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