Detentora de cerca de 34% do mercado mundial de assistentes de voz, a Alexa, inteligência artificial da Amazon que acompanha os dispositivos inteligentes Echo, tem causado uma certa preocupação em seus desenvolvedores, segundo o Wall Street Journal. É que as pessoas utilizam a ferramenta principalmente para tarefas muito simples, como verificar a hora ou definir alarmes, frustrando os executivos que esperavam que o dispositivo gerasse grandes lucros para a empresa vendendo produtos disponíveis em seu marketplace. “Nos preocupamos que tenhamos contratado dez mil pessoas e construído um cronômetro inteligente”, disse um ex-funcionário sênior ao jornal.
De fato, conforme mostram documentos internos visualizados pelo jornal, a Amazon desperdiçou dezenas de bilhões de dólares em seus dispositivos domésticos – com exceção dos leitores digitais de livro Kindle, que têm grande sucesso com as compras feitas diretamente no aparelho. No período de 2017 a 2021, a empresa perdeu mais de 25 bilhões de dólares e agora está procurando corrigir uma filosofia contábil desatualizada usada para justificar seus gastos nesses dispositivos inteligentes.
Uma das prováveis causas da subutilização da inteligência artificial é que muita gente tem medo de usar a Alexa por preocupações com privacidade. Estudos revelam várias vulnerabilidades de privacidade associadas ao assistente de voz da Amazon. Um artigo da North Carolina State University mostra que aplicativos de terceiros, conhecidos como skills, podem acessar informações pessoais dos usuários sem o devido controle por parte da Amazon. Esses aplicativos podem alterar seu código após a aprovação, o que pode levar a usos não autorizados das informações dos usuários. Apesar disto, outro estudo, da Universidade de Oxford, identificou que, mesmo depois de expressarem preocupações significativas sobre privacidade, muitos usuários continuam a usar dispositivos como a Alexa em razão de possuírem um senso de resignação digital, pois sentem que não podem fazer muita coisa para impedir a coleta de dados e, por isso, acabam por não abrir mão do uso em suas vidas cotidianas.
O que será que vai vencer: medo ou praticidade? Só o futuro dirá.
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