Publicado em: 23 de maio de 2025
Mineiro de Aimorés, nascido em 8 de fevereiro de 1944, Sebastião Salgado se foi hoje, aos 81 anos. O fotógrafo genial começou a vida profissional como economista, que cursou na Universidade Federal do Espírito Santo de 1964 a 1967 e em seguida a pós e o mestrado na USP, concluindo em 1968, mesmo período em que trabalhava no Ministério da Economia. Mas era ligado ao guerrilheiro Carlos Marighella, sofreu perseguição política da ditadura militar, teve que pedir asilo na França e concluiu em 1971 o doutorado na área de Economia na Universidade de Paris.
Logo depois, passou a trabalhar como secretário para a Organização Internacional do Café, em Londres. Ficou lá entre 1971 e 1973, quando em uma viagem para Angola, na África, onde coordenou um projeto sobre a cultura de café, descobriu na fotografia sua maior vocação. Desde o início Sebastião Salgado sempre deu foco especial aos excluídos. E decidiu ser fotojornalista independente.
Cobriu a Revolução dos Cravos, em Portugal (1974). Entre 1975 e 79, viajou para mais de vinte países.
Em 30 de março de 1981 presenciou o atentado a tiros contra o presidente Ronald Reagan em Washington. A foto que fez dos momentos seguintes à tentativa de homicídio, quando o atirador já estava imobilizado por seguranças, foi estampada em jornais e revistas de todo o planeta.
As fotos documentais de camponeses e indígenas latino-americanos deram origem a seu primeiro livro, “Outras Américas”. Ainda em 1986, veio “Sahel: O Homem em Agonia”, com registros da devastação causada pela seca. Até 1992 ele fotografou o trabalho manual e as péssimas condições de vida dos trabalhadores em diversos locais do mundo, o que resultou na série “Trabalhadores”, lançada em 1996. Um pouco antes, em 1994, ele criou sua própria empresa, “Amazonas Imagens”.
Em 1997, “Terra” retrata a questão agrária no Brasil. Em 1999, “Serra Pelada” revela as condições precárias do garimpo que atraiu cerca de 80 mil garimpeiros de diversas partes do mundo a tentar a sorte. Serra Pelada fica no município de Curionópolis, no Pará, e as fotos são impressionantes.
Em 2000, lançou “Êxodos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”, sobre os quais comentou: “Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…”.
Em 2001, indicado representante especial da Unicef, desde então atuou em organizações humanitárias como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), OMS, Médicos sem Fronteiras e Anistia Internacional.
Doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança. Em 2003, fez um trabalho mundial em que destacava o trabalho pela erradicação da Poliomielite. Em 2013, lançou o belíssimo “Gênesis”, com fotos feitas entre 2004 e 2012.
Tomou posse em dezembro de 2017 na cadeira nº 1 na Academia de Belas Artes da França. O primeiro brasileiro a fazer parte do quadro de imortais da instituição.
Sebastião Salgado publicou outros trabalhos de destaque: Um Incerto Estado de Graça (2004), O Berço da Desigualdade (2005) e África (2007).
Com produção de seu filho, Juliano Salgado, e do fotógrafo Wim Wenders, um documentário sobre Sebastião com o título de “Sal da Terra”, foi indicado ao Oscar de 2015.
Em 2022 ele também recebeu o “Infinity Award”, em Nova York.
Ave, Sebastião Salgado!




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