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O Theatro da Paz, em Belém, e o Teatro Amazonas, em Manaus, estão oficialmente na disputa para se tornarem Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. A candidatura – que é inédita por reunir dois equipamentos culturais em um único dossiê – é coordenada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) com o apoio das respectivas prefeituras e governos estaduais.

O reconhecimento como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é concedido a bens de valor universal excepcional, cuja preservação interessa a toda a humanidade. O Brasil tem vinte e três bens tombados pela UNESCO, e a possível inclusão dos teatros da Amazônia seria um marco inédito para o Norte do país.

A candidatura do Theatro da Paz e do Teatro Amazonas está fundamentada em suas semelhanças históricas, arquitetônicas e simbólicas, construídas no auge do ciclo da borracha, quando ambas as capitais amazônicas floresceram economicamente e investiram fortemente em cultura, ciência e arte. Por isso, os dois monumentos foram reunidos em uma única proposta de inscrição junto à UNESCO, que foi submetida formalmente no último 31 de janeiro, em Paris.

Nesta quinta-feira passada, dia 3 de abril, representantes do Grupo de Trabalho responsável pela candidatura estiveram em Belém para dois encontros técnicos: pela manhã, no Theatro da Paz, houve uma visita de verificação à estrutura e ao entorno do prédio; à tarde, o grupo se reuniu no Palacete Faciola para a apresentação do dossiê oficial, que foi entregue anteriormente à UNESCO.

Foram apresentadas cópias do documento à secretária municipal de Cultura e Turismo de Belém (Semcult), Cilene Sabino; à secretária de Estado de Cultura do Pará, Úrsula Vidal; e ao diretor do Theatro da Paz, Edyr Augusto Proença.

A superintendente do IPHAN no Pará, Cristina Vasconcelos, ressaltou a importância da união entre os dois estados e da sintonia com os parâmetros da UNESCO:

“Vamos falar em uma grande orquestra, onde precisamos estar bem afinados. Nossa métrica precisa caminhar de acordo com a da UNESCO, para que possamos apresentar ao mundo o melhor espetáculo que nós e os nossos irmãos do Amazonas vamos fazer juntos.”

Superintendente do Iphan no Pará, Cristina Vasconcelos (Rafael Miyake – Semcult)

O Theatro da Paz, inaugurado em 1878 em Belém, é o mais antigo teatro da região Norte, um dos mais antigos do Brasil e da América do Sul. Já o Teatro Amazonas foi inaugurado em 1896 e, assim como o TP, é um símbolo da opulência do período áureo da borracha. Ambos representam sínteses vivas de patrimônio material e imaterial, enraizadas na história e na identidade da Amazônia.

A candidatura, que está em discussão desde 2014 e passou a ser efetivamente organizada em 2023, buscado garantir a valorização arquitetônica dos edifícios, mobilizar a sociedade e reconhecer a importância das funções culturais e sociais dos teatros na atualidade.

Com a candidatura efetuada, o Grupo de Trabalho agora organizará ações conjuntas de comunicação, oficinas e eventos integrados parapreparar as duas capitais para a próxima fase: a visita técnica do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), organismo consultivo da UNESCO que avaliará os teatros e seus entornos urbanos.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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