0
O advogado e procurador de justiça aposentado Luiz Ismaelino Valente lança, no próximo dia 11, na Loja Maçônica Fraternidade Alenquerense nº 11, o seu livro “O Curumu de Alenquer na Obra de Francisco Gomes de Amorim”.

A obra aborda vida e obra de Francisco Gomes de Amorim, que aos 10 anos veio para Belém do Pará, onde, junto com seu irmão Manoel, foi vendido como escravo branco a um comerciante lusitano.

Viveu dos 13 aos 16 anos (1840-1843) em Alenquer. As tapuias (caboclas) o chamavam de “Cauçúpára Carayba Goataçara Cuapará”, que significa “Querido branco português caminhante sabedor”. Virou escritor e expoente da segunda geração do romantismo português e imortalizou a paisagem paradisíaca do lago Curumu em seus livros, na segunda metade do século XIX.

Nas suas memórias, Gomes de Amorim registra que, em Alenquer, teve “a primeira revelação da poesia”, ao ler o poema Camões, do visconde de Almeida Garrett, que, surpreendentemente, encontrou “num cesto forrado com folhas da bananeira brava na casa de uma família indígena”. Nesse momento, escreveu, “nasceram as aspirações que fizeram da criança um homem!

Em 1846, retornou a Lisboa e passou a frequentar o círculo literário de Garrett, tornando-se, em pouco tempo, um escritor prolífero e consagrado.

A sua peça teatral “O Cedro Vermelho” (encenada em 1856 e editada em 1874) tem por cenário o lago Curumu, cuja beleza descreve com riquezas de detalhes. Em “Cantos Matutinos” (1858), rememora suas andanças pela “encantadora vilazinha” situada entre o rio Surubiú e o lago Curumu.

De sua vasta obra destacam-se ainda o drama “Ódio de Raça” (1854), os romances “O Remorso Vivo” e “Os Selvagens” (ambos de 1875 e com temática amazônica), a monumental biografia de Almeida Garrett (publicada em 4 tomos, de 1881 a 1884) e a edição crítica de “Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões”, que publicou pouco antes de sua morte.

Para Luiz Ismaelino Valente, “O Curumu de Alenquer na Obra de Francisco Gomes de Amorim” tenta resgatar, ainda que tardia e parcialmente, a grande dívida de gratidão que os alenquerenses têm para com o grande escritor ultramarino que entronizou, universalizou e imortalizou Alenquer na literatura mundial do século XIX.

Decorridos exatos 167 anos desde que Gomes de Amorim deixou as águas do Surubiú e do Curumu, Alenquer até hoje não prestou uma só homenagem ao grande vate português a quem tanto deve.

Em agosto, a obra será lançada em Belém.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

J. Bosco no Ecocartoon

Anterior

Usufruir a natureza

Próximo

Vocë pode gostar

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *