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Em 1975, o poeta Emir Bemerguy enviou-me um belo soneto, escrito em 1970. Seu título: Praça da Matriz. Compus então a marcha-rancho, gravada pelo cantor Ray Brito e o Conjunto Os Hippies (de Odilson Matos), onde tocava o meu irmão José Agostinho (Tinho). A música tornou-se muito conhecida em Santarém.
Meu pai Wilson Fonseca (maestro Isoca) elaborou um arranjo, tocado pela Banda (atual Filarmônica) Municipal Prof. Agostinho. Desse arranjo sobraram apenas as partes individuais de alguns instrumentos, segundo me disse o primo João Paulo, filho de Wilde Fonseca (tio Dororó), dirigente da banda. Resolvi fazer outro arranjo para orquestra, inédito.
Elaborei diversos arranjos para a música, um deles gravado em CD pelo Coral da FIT-Faculdades Integradas do Tapajós, sob regência da maestrina Ádrea Taiana Figueira Lopes.
Emir Bemerguy, confrade na Academia de Letras e Artes de Santarém, é meu parceiro em 12 obras musicais, como autor de belos textos poéticos.
A parceria se iniciou com a música Queixumes do Fim, que completou, em 2008, 40 anos. Na ocasião, universitário de Direito, eu estava em Santarém passando férias.
Em seguida, veio a Missa Popular, tocada nas missas celebradas pelo Padre Raul Tavares de Sousa, na Casa da Juventude (onde morei quando universitário), em Belém. Foi cantada na missa de Colação de Grau das Pedagogistas de 1970, formadas pelo Colégio Santa Clara, de Santarém, de que faziam parte minha irmã Maria da Conceição e Maria Zuíla Lima Dutra, colega de magistratura trabalhista e esposa do jornalista Manuel Dutra.
O Hino do Coral de Santarém tem parceria tríplice: Emir Bemerguy, Wilson Fonseca e eu. Fiz a introdução e a 1ª parte. Meu pai, o estribilho e o arranjo para coro.
A Praça da Matriz é a quarta música de nossa parceria.
Depois vieram o samba Jóia de Deus, o Hino das Olimpíadas do Colégio Dom Amando, Lenda da Vitória-Régia, Lenda da Mãe D’Água (estas duas cantadas pelo Coro Carlos Gomes, em Belém, sob regência da maestrina Maria Antônia Jimenez), a valsa Eliane (para os 15 anos da homenageada, filha de Wilmar Frazão, no Centro Recreativo), o samba-enredo Tempos de Criança (encomendado pelo artesão e cantor Laurimar Leal, dirigente da Escola de Samba Ases do Samba, para o carnaval santareno de 1978), o Hino ao Centenário do Theatro da Paz (dedicado ao maestro Waldemar Henrique, a quem entreguei a partitura para canto e piano; depois escrevi outros arranjos, inclusive para orquestra sinfônica) e a canção Saudade Perfumada (que sub-intitulei de Elegia para Telminha, sua filha).
No último dia 22 de junho, por ocasião dos 348 anos da fundação da Pérola do Tapajós, como parte integrante da programação do Projeto Produção de Réplicas e Catalogação dos Prédios Históricos da cidade, realizado pelas Faculdades Integradas do Tapajós, foi lançada a revista Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Santarém e afixada uma placa, na Praça da Matriz, que contém a partitura musical da Praça da Matriz, cantada pelo Coral da FIT.
Não pude ir a Santarém, mas enviei um texto de agradecimento. Na verdade, a obra musical constitui homenagem do poeta e do compositor à secular Praça da Matriz de Santarém.
Na década de 70, já magistrado, toquei essa música na Banda Prof. José Agostinho, no coreto da praça, durante a Festa de N. S. da Conceição, em companhia de pedreiro, alfaiate, tratorista, biscateiro, pescador e outros operários humildes. Todavia, naquele grupo musical não estava o juiz, mas o executante de sax-horn e barítono, todos sob a direção de meu pai e meu tio Dororó. Que saudade daquele tempo: ‘pedaços coloridos de uma vida!’

PRAÇA DA MATRIZ
(marcha-rancho)
Letra: Emir Bemerguy (Santarém-PA, 23.11.1970)
Música: Vicente José Malheiros da Fonseca (Santarém-PA 20.03.1975)

Ó velha Praça, pequenina e linda!
Ó minha amada Praça da Matriz!
Quanto segredo que me empolga ainda
Cada cantinho desses teus (que) me diz!…

Na memória, um cortejo que não finda:
Lembranças de uma época feliz…
GARAPEIRA… A CHARANGA tão bem-vinda,
A me inspirar poemas que não fiz…

Meus nervosos namoros de frangote…
As PROCISSÕES… O austero sacerdote…
De tudo uma saudade mal contida!…

Os BENJAMINS simétricos… As FLORES…
E a minha Praça guarda, entre esplendores,
Pedaços coloridos de uma vida!…

 

Vicente Malheiros da Fonseca
Vicente José Malheiros da Fonseca é Desembargador do Trabalho de carreira (Aposentado), ex-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Belém-PA). Professor Emérito da Universidade da Amazônia (UNAMA). Compositor. Membro da Associação dos Magistrados Brasileiros, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 8ª Região, da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, da Academia Paraense de Música, da Academia de Letras e Artes de Santarém, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, da Academia Luminescência Brasileira, da Academia de Música do Brasil, da Academia de Musicologia do Brasil, da Academia de Música do Rio de Janeiro, da Academia de Artes do Brasil, da Academia de Música de Campinas (SP), da Academia de Música de Santos (SP), da Academia Paraense de Letras Jurídicas, da Academia Paraense de Letras, da Academia Brasileira de Ciências e Letras (Câmara Brasileira de Cultura), da Academia Brasileira Rotária de Letras (ABROL) - Seção do Oeste do Pará, da Academia de Música de São José dos Campos (SP), da Academia de Música de São Paulo. Membro Honorário do Instituto dos Advogados do Pará. Sócio Benemérito da Academia Vigiense de Letras (Vigia de Nazaré-PA).

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