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Agosto de 2021, mas poderia ser setembro, outubro, ou uma manhã do verão mais quente de algum fevereiro carioca: o que importa é a decisão solitária de recomeçar. 

Escrevo com uma esperança espremida das poucas ainda resistentes no meu espírito de sobrevivência porque, acredite, mesmo quando decide-se morrer por falta de esperança, na verdade quer-se viver por outros « nasceres ». 

Outro dia passeando pelos sortidos « eus » oferecidos no Instagram, me dei conta da quantidade absurda ( sim, absurda! ) de seres ( alguns até conheço intimamente) compartilhando fórmulas para alcançar a felicidade, a « abundância » ( aliás, nunca uma palavra tão gostosa de pronunciar esteve tão vilipendiada!) e o « bem estar ». Como se a vida precisasse seguir uma linha reta para ser bem vivida. Como se a tristeza não fosse uma nuance natural da condição humana (eu diria até fundamental para ajustarmos ou expandirmos nosso « ser » humano.) Como se a alegria fosse prêmio apenas dos competentes e obedientes das novas e incontáveis receitas do bolo da felicidade.

Dei-me conta que sem « querer querendo » ( rs!)! a humanidade foi se auto proibindo o fracasso… vejam só, logo  o fracassar que sempre foi o « verbo- véspera » do sucesso… 

Recomeçar então teria virado desculpa do fracassado? Aham…

Coisas boas e ruins acontecem com QUALQUER ser vivente que decida VIVER. Não importa qual vida você escolherá para experimentar, uma hora você vai fracassar porque errar faz parte do nosso repertório de amadurecimento e eu proponho a você que neste momento está « me » lendo, olhe com profunda generosidade para seus fracassos. Através da lucidez de Álvaro de Campos, Fernando Pessoa nos confronta e conforta sobre nossos caminhos tortos em seu « Poema em linha reta », e sou grata por sempre surgir em alguns momentos da nossa história « perfis » de carne e osso que nos permitam errar e até mesmo nos induzam ao erro.

Errar tentando acertar. 

Errar porque se deu ao luxo de não pensar. 

Errar porque teve preguiça de copiar os vencedores de stories. 

Errar porque está feliz demais pra ficar acertando o tempo todo. 

Errar porque precisou do erro pra recuar e conseguir avançar. 

Errar pois chegamos até aqui porque alguém julgou errado conformar-se em ter errado.  

Errar porque simplesmente errar é o mais humano em nós. 

O erro, o famoso « pai do acerto » deve ser visto como uma etapa na experimentação, que faz parte de todo processo científico que faz parte do PROGRESSO. 

É errando que se desperta ao recomeço e nem precisa ser na segunda feira, tá? rs! 

Boa semana! 

Lutem!

Landa de Mendonça
Atriz, cantora e produtora. Nascida em Belém do Pará, em 2009 mudou para o Rio de Janeiro, onde frequentou cursos de interpretação e de canto no Conservatório Brasileiro de Música, participou de musicais, peças e filmes. Em Brasília, compôs o coro cênico da ópera “Olga” de Jorge Antunes, no encerramento do Festival de Ópera da cidade em 2013, sob a direção de William Pereira. Foi residente da Cité Internationale des Arts de Paris, juntamente com sua família de artistas de 2018 a 2019 apresentando como resultado o projeto “Chico Buarque de Chambre”, que estreou em 9 de dezembro de 2019 onde cantou arranjos de seu marido e parceiro artístico, o maestro Mateus Araújo, passeando pelo universo musical e cênico de Buarque. De volta ao Brasil, em 2020 fez parte do elenco do curta metragem  « Totem » de Kadu Zargalio. E-mail landatrizprofessional@gmail.com

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