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A sucessão de trapalhadas do governo do Pará no gerenciamento da crise com os povos indígenas só aumenta e agrava a situação. No 15º dia de ocupação da sede da Secretaria de Educação, o governador Helder Barbalho finalmente se dispôs a receber as etnias que integram o movimento hoje, 28, às 15h. Trezentos indígenas queriam ir, mas cederam ante o limite de quarenta líderes. Depois a audiência foi adiada para as 18h. Mas desde às 14h o trânsito na Av. Almirante Barroso está bloqueado ao longo de um trecho extenso nos arredores do Palácio do Governo – o que causou indignação geral porque o trânsito que já é sempre congestionado ficou impossivel – , e muitas viaturas da Polícia Militar estão em toda a área. Quando os caciques e cacicas estavam se preparando para o deslocamento souberam do aparato policial e que não poderiam portar seus telefones celulares na reunião, sentiram-se desrespeitados e decidiram não ir mais. Em uma live através da página do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns no Instagram, Alessandra Korap e outras lideranças reclamaram que não mereciam ser recebidos pelo Batalhão de Choque da PMPA, que não são bandidos, não se sentem seguros diante do que já sofreram os professores com gás lacrimogêneo e spray de pimenta, e agora não sairão da Seduc até que o governador se disponha a ir lá conversar. Ademais, desconfiam que seja uma estratégia para impedir o retorno dos manifestantes à Seduc e acabar assim a ocupação. Anunciaram que a pauta de reivindicações foi mantida: exoneração do secretário Rossieli Soares e a revogação da lei 

No último dia 24, o Alto Comissariado da ONU fez a escuta dos povos indígenas. Foram ouvidas mais de vinte etnias no plenário da OAB-PA, durante três horas. Estavam presentes o presidente Sávio Barreto, a vice Brenda Araújo, os conselheiros federais Mary Cohen e Wesley Loureiro, e a presidente da Comissão de Direitos Humanos, Luanna Thomaz. Pelo Comissariado da ONU participaram Angela Pires Terto, oficiala de Direitos Humanos do Alto Comissariado das Nações Unidas e Rodrigo Deodato, assistente de Advocacy para Povos Indígenas e Comunidades Quilombolas do Alto Comissariado das Nações Unidas. Durante a oitiva o governador telefonou três vezes e convidou para uma reunião no palácio. As etnias enviaram dois advogados indígenas e ficaram revoltados ao saber que no decreto que criou o Grupo de Trabalho para elaboração da política setorial só estão contemplados os filiados à Fepipa, cuja diretoria nem existe de pleno direito, posto que acabou o mandato no ano passado e não houve convocação e nem eleição de novos dirigentes. É uma sequência de desacertos.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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