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A mostra “Arquipélago Imaginário”, que será inaugurada em 12 de abril no Instituto Moreira Salles da Av. Paulista (IMS Paulista) com conversa entre o artista e curadores, é a maior exibição já dedicada ao fotógrafo parauara Luiz Braga, um dos nomes mais importantes da fotografia mundial contemporânea. A exposição marca os 50 anos de trajetória artística do autor e ocupará dois andares do IMS Paulista, reunindo 258 imagens, das quais 190 são inéditas ao público.

Com curadoria de Bitu Cassundé e assistência de Maria Luiza Meneses, a mostra mergulha no vasto acervo visual construído por Luiz Braga desde os anos 1970, revelando paisagens, retratos, cenas urbanas e rituais populares da Amazônia, sempre a partir de uma perspectiva intimista e sensível, com as muitas cores que são peculiares da obra de Luiz. A exposição poderá ser visitada gratuitamente até 31 de agosto de 2025.

Nascido em Belém, em 1956, Luiz Braga iniciou sua atuação fotográfica ainda jovem, em meio ao contexto efervescente da publicidade local e da arquitetura, área em que se graduou pela Universidade Federal do Pará. Desde então, desenvolveu uma linguagem própria, marcada pelo uso expressivo da cor, da luz equatorial e da convivência profunda com os territórios amazônicos.

Instagram / Reprodução

“A produção de Luiz Braga opera numa instância da convivência com os lugares, mergulho na dimensão do alheio e numa prática que aciona o afeto como gesto principal”, aponta a curadoria. Essa imersão se manifesta nos temas recorrentes de sua obra: festividades populares como o Círio de Nazaré, o cotidiano ribeirinho, interiores de casas e comércios, e personagens da vida urbana e rural da Amazônia. “Tenho como metodologia visitar inúmeras vezes os locais onde fotografo, o que faz com que me torne conhecido e possa, conhecendo, respeitar os códigos, o ritmo e os costumes do lugar”, explica o fotógrafo.

Dividida em nove núcleos temáticos, “Arquipélago Imaginário” apresenta inicialmente imagens em preto e branco dos anos 1970 e 1980, passando depois às vibrantes fotografias coloridas que consagraram o artista. Destaque para os retratos que rompem com o padrão tradicional e para a série Nightvision – Mapa do Éden (2006), em que o fotógrafo explora uma paleta de cores prateadas e esverdeadas, criando umacnarrativa visual fantástica e onírica sobre a Amazônia.

A seleção das 190 fotografias inéditas são o resultado de “um mergulho no arquivo por meses de pesquisa. Muita produção ainda ficou de fora”, contou o artista em entrevista exclusiva para o Uruá-Tapera. Com um acervo riquíssimo, Luiz confidencia que seria possível montar várias exposições só de obras nunca vistas pelo público: “só o Marajó tem milhares”, referindo-se aos registros artísticos do arquipélago, uma de suas especialidades.

O núcleo final a exposição inteiramente dedicado à ao Marajó, local onde Luiz vem se aprofundando nos últimos 20 anos. A região é retratada como território decancestralidade e resistência, com foco nos saberes indígenas, na oralidade e nas paisagens que condensam memória, identidade e espiritualidade.

Aliás, no final deste ano estreará, na GNT, o programa “Click”, apresentado por Jayme Matarazzo e dedicado à fotografia e viagem, e terá um episódio dedicado a Luiz Braga que foi gravado integralmente no Marajó.

Para o artista, a exposição representa uma celebração de encontros e experiências:

“Esta mostra é uma grande cartografia de vidas, mas, antes de tudo, é uma homenagem à fotografia. É através dela que vejo o invisível, escuto o outro e a mim mesmo, e abraço a vida com os olhos. […] A exposição celebra as centenas de vidas que cruzaram a minha, os lugares acolhedores, os saberes do povo, a espiritualidade e a alegria que são até hoje inspiração inesgotável.”

A abertura acontece no próprio dia 12 de abril (sábado), às 10h, com entrada gratuita. Às 11h, o público poderá acompanhar uma conversa entre Luiz Braga, o curador Bitu Cassundé e a assistente Maria Luiza Meneses, no cinema do IMS Paulista. As senhas para participar da conversa serão distribuídas a partir das 10h, com limite de uma por pessoa.

A mostra contará com recursos de acessibilidade, como pranchas táteis e audiodescrição, além de uma programação pública que será anunciada em breve. Os visitantes poderão também conhecer uma cronobiografia do artista, com marcos de sua vida e obra. 

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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