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Estudantes, pais e professores do Sistema Modular de Ensino, junto com o Sintepp Pará, o Fórum Paraense de Educação do Campo, das Águas e das Florestas, CUT Pará e a Alepa impediram o avanço do projeto de implementação do Ensino Médio por mediação tecnológica no Estado do Pará, substituindo os professores e professoras pela televisão. Vários deputados estaduais da base governista se manifestaram frontalmente contra a malfadada ideia.

As deputadas Lívia Duarte (PSol), presidente da Comissão de Cultura da Alepa, e Maria do Carmo Martins Lima (PT), vice-líder do Governo, foram as mais enfáticas e corajosas.  Lívia chegou a desafiar, da tribuna, várias vezes, qualquer deputado, o secretário de Educação e o governador Helder Barbalho para que mostrassem o rendimento escolar de seus filhos na época da pandemia, quando foram necessárias as aulas remotas. Lívia cobrou transparência e diálogo nas ações do governo e da Seduc, investimentos tecnológicos na educação e aulas presenciais dos professores. “Não se pode discutir futuro sem uma educação que torne os sonhos do nosso povo realidade”, frisou.

Maria do Carmo lembrou até do tempo do Mobral, ensino à distância criado em 1967 durante a ditadura militar para se contrapor ao Programa Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, coordenado por Paulo Freire, para quem “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, ideia extremamente subversiva na visão dos golpistas de 1964, que se apressaram em acabar com todos os vestígios do método freireano de educação popular. O Mobral tinha o objetivo de erradicar o analfabetismo entre jovens e adultos, mas até sua extinção, em 1985, o índice de analfabetismo diminuiu só 2,7%.

Após manifestações simultâneas em diversos pontos de Belém e de vários municípios paraenses, incluindo ato público em frente ao Palácio dos Despachos, na Av. Almirante Barroso; em frente à Secretaria de Educação, na Av. Augusto Montenegro; e na Alça Viária, o Ouvidor Geral do Estado, Luiz Reimão, recebeu uma comissão do Movimento Unificado Fora CEMEP no Palácio dos Despachos e em seguida o chefe da Casa Civil, Luiziel Guedes, ao lado do secretário adjunto de Educação, Marcelo França, recebeu os manifestantes junto com parlamentares na Assembleia Legislativa.

Na reunião, Luiziel Guedes garantiu que o governo do Pará não vai mais dar sequência a essa política e que a informação de que as matrículas para 2025 estariam suspensas foi um “mal-entendido”. Ele confirmou que as matrículas nas escolas de ensino Médio e no Some vão acontecer e que o governo inclusive está estudando a implantação de mais turmas presenciais nas comunidades que tenham mais de sete turmas de ensino médio ofertadas pelo Some ou outra forma de organização alternativa de ensino.

A mobilização social contra o fechamento das escolas nas pequenas comunidades do campo, indígenas e quilombolas foi vitoriosa e agora a luta do movimento é no sentido de universalizar a educação pública, diferenciada e presencial no campo, nas águas e nas florestas; e que que esses povos tenham assento com poder de decisão nos conselhos municipais e estadual de Educação, além de concurso público para que os professores e professoras do Estado tenham estabilidade na docência.

“Shipmas”, da startup do ChatGPT, começa hoje

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