Lavar frutas e vegetais antes do consumo, mesmo aqueles provenientes de plantações orgânicas e com selos de qualidade, é uma prática essencial para a segurança alimentar. Esses alimentos, apesar de saudáveis, podem conter bactérias, vírus, pesticidas e outros contaminantes, já que são cultivados maioritariamente ao ar livre e podem ser expostos a diversos fatores que comprometem sua pureza, como insetos, pássaros e o próprio processo de embalagem e armazenamento.
Em artigo para a The Conversation, Primrose Freestone, professora associada em microbiologia clínica no departamento de ciências respiratórias da Universidade de Leicester, no Reino Unido, com formação em bioquímica, e com dedicação à pesquisa e ensino na área de microbiologia clínica, centrada em aspectos importantes da microbiologia e saúde pública, aponta que, embora a maioria das pessoas esteja ciente dos perigos que carnes e peixes crus podem representar para a saúde, muitos consideram que produtos frescos são “seguros”. No entanto, a cada ano, uma em cada dez pessoas adoece por consumir alimentos inseguros – e aproximadamente 46% desses casos de doenças alimentares são resultantes do consumo de vegetais e frutas.
A higienização dos alimentos deve começar com a lavagem adequada das mãos de quem os manuseia, evitando que germes da pele sejam transferidos para os produtos. Em seguida, o método mais seguro e simples é lavar os alimentos em água corrente fria. Para vegetais com casca dura, como batatas e abóboras, uma escova de vegetais pode ser usada para remover a sujeira e os pesticidas. Já vegetais de folhas verdes, como alface e couve, devem ser lavados folha por folha, removendo as partes externas danificadas.
Embora água corrente seja suficiente para limpar a maioria dos produtos, vinagre e bicarbonato de sódio também podem ser usados como métodos seguros para reduzir bactérias e pesticidas. Para o vinagre, recomenda-se uma solução de meia xícara de vinagre por xícara de água, com um tempo de imersão de dois a três minutos, seguido de enxágue com água fria. Já o bicarbonato de sódio pode ser utilizado em uma concentração de uma colher de chá por xícara de água, com imersão por quinze minutos. Frutas como morangos, uvas e cerejas, que têm um alto teor de água, são mais perecíveis e sua higienização deve ser feita apenas antes do consumo pois, se realizada com com antecedência, pode inclusive aumentar a proliferação de germes e reduzir sua vida útil. Após a lavagem, frutas e vegetais devem ser secos com um papel toalha ou em uma centrífuga de saladam que ajuda a remover o excesso de umidade e diminuir o crescimento de microrganismos.
Além de enxaguar os alimentos, é crucial manter limpos a pia, as superfícies e os utensílios utilizados na preparação, pois previne a contaminação cruzada e assegura que os alimentos sejam preparados em um ambiente higiênico. Nenhum método caseiro de lavagem é capaz eliminar completamente todos os germes dos alimentos, mas a Drª Primrose Freestone garante que práticas de higienização adequadas podem reduzir significativamente os riscos à saúde. A questão que fica, para a realidade da Amazônia, é: quem tem acesso à água segura para beber e lavar alimentos?
Foto: Gabriella Florenzano
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