Publicado em: 8 de maio de 2025
De 14 a 16 de maio, acontecerá o I Fórum de Pesquisa em Cinema em Belém, reunindo pesquisadores, estudantes e cinéfilos para refletir sobre o cinema como arte, linguagem e instrumento de transformação social. O evento, realizado pelo Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), acontecerá sempre das 18h às 21h na Casa das Artes, com entrada gratuita e emissão de certificados.
Com curadoria e coordenação geral do pesquisador e professor da UFPA Marco Antonio Moreira, o fórum propõe uma imersão em produções acadêmicas que articulam o cinema a campos como história, psicanálise, crítica, arte e memória, passando por grandes clássicos do cinema brasileiro, obras produzidas no Pará e a filmografia do diretor Líbero Luxardo, figura-chave da cinematografia amazônica no século XX.
Marco Antonio, que também preside a Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), defende que o cinema é uma arte essencial no século 21 e é também um campo de pesquisa legítimo, ainda subvalorizado, especialmente na Amazônia. O fórum nasce, portanto, da vontade de abrir caminhos, reconhecer trajetórias e estimular novos olhares.
A programação ressalta o cinema não apenas como entretenimento, mas como fenômeno estético e político capaz de revelar as camadas mais profundas da experiência humana e social. As mesas e palestras são compostas por nomes de diversas áreas do conhecimento e valorizam tanto a trajetória de estudiosos veteranos quanto as investigações de jovens pesquisadores.
Entre os destaques estão Leandro Alves da Silva, que analisa os impactos políticos da exibição de Iracema – Uma Transa Amazônica, obra fundamental para pensar a censura e a sexualização da Amazônia durante a ditadura militar; Januário Guedes, que propõe uma leitura histórica do Brasil a partir do clássico Cabra Marcado para Morrer; Ramiro Quaresma, que apresenta um panorama da filmografia invisível do Pará, entre 1910 e 2020; Beatriz Oliveira, que discute como a direção de arte constrói visualidades amazônicas no cinema contemporâneo paraense; Raíssa Barbosa, que investiga a “pornoparaensidade” nos espaços de exibição adulta em Belém nas décadas de 1980 e 1990; e Diego Maia da Costa, que mergulha na produção de Líbero Luxardo, do cinejornal ao Cinema Novo.
Além das apresentações de pesquisa, o fórum homenageará os críticos e estudiosos Pedro Veriano e Luzia Álvares, duas referências na reflexão sobre cinema no estado. Luzia também participa como debatedora em uma das mesas.
Outro tema de destaque no evento será o lugar dos cinemas de rua na história cultural de Belém. Para a historiadora Raíssa Barbosa, os antigos espaços de exibição revelam não só os hábitos de lazer do século XX, mas também o esvaziamento simbólico da vida pública contemporânea: “Estudar o cinema em Belém é essencial para entender a história cultural e urbana da cidade. Ao longo do século XX, os espaços de exibição revelam transformações nos hábitos e na própria configuração urbana. O fechamento dos cinemas de rua, por exemplo, simboliza um esvaziamento dos encontros públicos e coletivos”.
O I Fórum de Pesquisa em Cinema é realizado em parceria com o Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFPA, o PPGArtes, o Centro Acadêmico de Cinema da UFPA, a Banzeiro Comunicação e a Rede Cultura de Comunicação e tem apoio cultural da Casa das Artes, da Fundação Cultural do Pará e do Governo do Estado.
As inscrições para ouvintes podem ser feitas a partir do dia 8 de maio pelo formulário eletrônico.
Mais informações estão disponíveis no Instagram do CEC.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA:
DIA 1 – 14 DE MAIO
Abertura: Marco Antonio Moreira – A importância das pesquisas sobre cinema
Professor da UFPA, mestre e doutor em Artes, Marco Antonio é coordenador do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) e presidente da ACCPA. Sua fala destaca o cinema como linguagem artística essencial para a reflexão, pesquisa e transformação social, estimulando novas investigações no estado do Pará.
Leandro Alves da Silva Caldas – Iracema Uma Transa Amazônica: entre a censura e a aclamação
Historiador e mestre em História Social da Amazônia pela UFPA, investiga o contexto histórico do filme Iracema – Uma Transa Amazônica e sua recepção na Europa e no Brasil sob o regime militar.
Alex Damasceno – Por que não lemos David Bordwell e Kristin Thompson?
Professor da UFPA e doutor em Comunicação pela UFRGS, discute o pouco uso do marco teórico dos autores no Brasil, defendendo a análise fílmica poética como método de investigação crítica do cinema.
Januário Guedes – Figuras do real: a história do Brasil na arte do cinema
Jornalista, mestre em Comunicação, diretor do MIS Pará e pesquisador de longa trajetória, propõe o cinema como fenômeno estético capaz de revelar saberes históricos, com foco no filme Cabra Marcado para Morrer.
DIA 2 – 15 DE MAIO
Beatriz Oliveira – Direção de arte e a visualidade amazônica
Mestranda em Artes e bacharel em Cinema pela UFPA, analisa a construção do espaço fílmico no cinema paraense contemporâneo por meio da direção de arte.
Raíssa Barbosa – Entre a crise e o desejo: o cinema adulto e os espaços de exibição em Belém nas décadas de 1980 e 1990
Doutoranda em História pela UFPA, estuda o circuito exibidor pornográfico em Belém e a criação de uma “pornoparaensidade”.
Alana Felix Munhoz Krás Borges – A mulher infamiliar: um estudo psicanalítico do filme Cidade dos Sonhos
Psicóloga e mestre em Psicologia pela UFPA, propõe uma leitura psicanalítica da obra de David Lynch a partir do conceito freudiano de infamiliar.
DIA 3 – 16 DE MAIO
John Fletcher – Jean-Luc Godard e o Centro de Estudos Cinematográficos
Professor da UFPA e doutor em Antropologia, aborda o cinema de Godard nos anos 1960 e suas conexões com os debates promovidos pelo CEC.
Gabriel Darwich – Quando a vida não cabe nas telas: uma ética do estranhamento na obra de Abbas Kiarostami
Mestrando em Artes pela UFPA, investiga a ruptura do dispositivo cinematográfico nas obras de Kiarostami a partir de uma perspectiva semiopragmática e neoformalista.
Ramiro Quaresma – O cinema e o audiovisual do Pará: memórias submersas de uma filmografia invisível
Doutor em Artes, documentarista e curador, apresenta um panorama histórico do cinema paraense entre 1910 e 2020, com foco na preservação e memória audiovisual.
Diego Maia da Costa – Do cinejornal ao Cinema Novo: Líbero Luxardo e as imagens da Amazônia (1940–1980)
Historiador e pesquisador da obra de Líbero Luxardo, analisa sua contribuição para o cinema amazônico no século XX.
Encerramento: Marco Antonio Moreira – O cinema contemporâneo e amazônico em futuras pesquisas sobre cinema
O coordenador do fórum encerra a programação com uma reflexão sobre os caminhos da pesquisa cinematográfica na Amazônia.

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