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Antes mesmo da pandemia, nós, empresários, já enfrentávamos uma crise econômica séria. Em 2020 surgiu um inimigo maior ainda, o Coronavírus. E as pequenas empresas entraram em um verdadeiro turbilhão financeiro, jamais imaginado. Administro em Belém do Pará duas empresas há mais de 42 anos, Bavieka Boutique e Presentes, e faço parte do grupo de micro e pequenas empresas. No final de fevereiro do ano passado fui para São Paulo e Belo Horizonte em busca das novidades da nova coleção. Retornei dia 10 de março, lancei no dia 14 e fechamos as portas dia 20/03/2020, devido ao Lockdown e ao avanço do vírus. Um caos!
Fui atingida pela crise sem uma reserva razoável de capital. Vendas paradas, compromissos vencendo, cheques voltando, o desespero  tomou conta de mim. Fui atrás dos programas de crédito e todos foram negados, pois a esta altura já existem pequenos protestos. O empresário não pode ter nada negativado, não consegui entender até hoje o porquê, uma vez que o benefício seria justamente para auxiliar o empreendedor a se manter adimplente, empregando e gerando renda. Posso afirmar que mais de 60% dos micro e pequenos empresários continuam sem ajuda, muitos já encerraram seus negócios e os que resistem enfrentam dias dificílimos, agravados pelas perdas de entes queridos.
Em abril deste ano, em evento na Câmara Federal, em Brasília, o presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários, Leonardo Pinho, disse que 600 mil pequenas empresas já tinham fechado, acabando com 9 milhões de empregos.
A Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais, presidida por Ercílio Santinori, sugeriu um fundo de financiamento que faça empréstimos sem análise de crédito, com um ano de carência e 48 meses para pagar. Os pequenos empresários pagariam tudo, não têm interesse em serem inadimplentes. Defendo também que as taxas de juros não aumentem e o governo tenha o mesmo olhar para os pequenos empreendedores que teve para o setor financeiro. Até agora, os bancos contabilizam lucros bilionários mas em nada ajudaram, sequer na operacionalização dos créditos aprovados pelo Congresso Nacional. Deveria ser disponibilizado um auxílio emergencial para os pequenos empresários, como foi feito em outros países. Existe, ainda, o projeto de lei nº 453/21, recriando o cartão BNDES, que funcionaria como um cheque especial para os pequenos empresários.
Não é crível que se pense em azeitar a economia fechando as portas aos pequenos empreendedores, que se sacrificam, pagam os impostos mas se sentem invisíveis neste momento dramático em que a maioria não tem condições de pagar a folha de pessoal.

*O artigo acima é de total responsabilidade da autora.

Beth Couto
Membro do Conselho da Mulher Empresária da Associação Comercial do Pará, Empresária do Ano em 2016, fundadora e dirigente, há mais de 42 anos, da multimarcas Bavieka. Nasceu em São Paulo e em 1977 se estabeleceu em Belém, ao casar com o advogado Sérgio A. Frazão do Couto.

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2 Comentários

  1. Parabéns Beth. O Seu depoimento espelha a realidade de milhares de pequenos empreendedores.

  2. Poucos ganham muito dinheiro e geram poucos empregos e os micros empreendedores geradores de emprego vivem na penúria a mercê das políticas de lickdown.

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