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Além de administrar os bosques Camilo Vianna e Benito Calzavara, da Universidade Federal do Pará em Belém e coordenar o projeto “Plantando Árvores por Pessoas”, às quartas e sextas-feiras Gina Calzavara cozinha em um fogão a lenha projetado por um professor, arruma mesas com pratos, copos e talheres e alimenta os trabalhadores do campus e pessoas muito pobres que vão levar familiares ao hospital Bettina Ferro. Detalhe: o cheiro da comida é tão bom que outro dia uma criança passou em um carro e começou a gritar que estava com fome e a mãe perguntou se ela aceitava pagamento com cartão de crédito para o almoço. 

Margeada e cortada por rios e igarapés, há sessenta anos a UFPA foi instalada em 450 hectares de várzea, no bairro do Guamá, na orla de Belém. O aumento de áreas construídas exterminou florestas, bosques, matas de restinga e manguezais. Foi aí que o então vice-reitor, o médico e ambientalista Camilo Martins Vianna, idealizou o projeto do Trote Ecológico, que implantou a partir do vestibular de 1990, capitaneando uma equipe de idealistas ecológicos que queriam contribuir para o desenvolvimento de uma consciência preservacionista e de pertencimento nos alunos ingressantes da instituição, com o compromisso político-pedagógico de reflorestar e recuperar os solos das áreas devastadas do campus. Os calouros eram convidados a plantar e cuidar de uma muda até sua saída da UFPA. Além disso, o projeto humanizou o ingresso dos alunos na Universidade, acabando com os trotes abusivos. A recepção na vida acadêmica sem violência e com ação cidadã resultou logo no primeiro ano no plantio de mudas de duzentas espécies nativas da Amazônia, além de árvores exóticas adaptáveis e úteis à região. 

Hoje, nos refrescantes bosques Camillo Vianna e Benito Calzavara são desenvolvidos trabalhos multidisciplinares com ações voltadas para a educação ambiental, que além de amenizar o calor oportunizam o reaproveitamento de resíduos sólidos, apoiando e subsidiando estudos e exercitando a solidariedade.  

As Universidades brasileiras acabam de sofrer um duro golpe e precisam do apoio da sociedade. Qualquer pessoa pode ajudar nesses projetos, doando mudas, terra com adubo orgânico, alimentos e outros itens necessários, além da mão-de-obra voluntária. Por exemplo, é preciso uma mangueira bem longa, com no mínimo 50 metros, a fim de facilitar a rega das mudas. Uma placa tipo outdoor, em lona para ser durável, com a identidade visual da UFPA, a fim de sinalizar a área do projeto (a faixa que existe lá é derrubada pelas intempéries). Paisagistas que criem espaços e composições adequados. Assistentes sociais que levem acolhimento aos pacientes do Bettina Ferro. Engenheiros sanitaristas e engenheiros civis que ajudem a despoluir os rios e igarapés. Quem se dispuser a ajudar pode entrar em contato comigo pelo e-mail franssi@uruatapera.com . 

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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