A educação vai mesmo ladeira abaixo. Nem terminou ainda o drama da greve dos professores da rede pública, e agora os professores das escolas particulares, em luta por aumento de 30% dos salários, anunciam estado de greve. Com as mensalidades altíssimas – a menor no valor de um salário mínimo -, é inconcebível que seus educadores sejam mal remunerados. O Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho, Conselho Estadual de Educação, OAB e MEC, assim como todas as entidades e órgãos encarregados da fiscalização do setor, devem ficar atentos e coibir abusos. Não dá para repassar esse custo aos alunos.
Incoerências na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, a LDB (Lei nº 9.394) permitem que alguns princípios válidos para o ensino público (gestão democrática, valorização dos profissionais da educação, padrão mínimo de qualidade) não se estendam às escolas privadas, que, no entanto, usufruem o direito de abocanhar uma parte dos recursos públicos, sem falar nas isenções fiscais de que gozam há muito tempo. Em síntese, quando os recursos públicos estão em jogo, as escolas privadas querem se equiparar às públicas. O que só confirma a secular relação ambígua entre o estatal e o privado, mais intensa ainda por conta da tradição patrimonialista brasileira, em que os governantes acham natural tratar a coisa pública como propriedade pessoal, privada.