O Pará entrará duas vezes no desfile das campeãs , neste sábado, no Rio de Janeiro. A Grande Rio, que mostrou lindamente na avenida o enredo Pororocas Parawaras — As águas dos meus encantos nas contas dos curimbós, representou com galhardia o estado do Pará, e por um décimo ficou na vice. Já a escola Porto da Pedra subiu para o grupo especial , contando a história de Fordlândia, a cidade perdida no coração da Amazônia, Oeste do Pará e se sagrou campeã da série Ouro. A concorrência foi muito dura: despedida de Neguinho da Beija-Flor e homenagem aos carnavalescos Laíla e Joãosinho Trinta no samba-enredo da vencedora, cujo desfile foi inegavelmente arrebatador. Ainda há algumas questões apontadas à boca pequena e que foram escancaradas nas redes sociais: o presidente da Liesa, Gabriel David, é filho do bicheiro Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor, e sua noiva, a atriz Giovanna Lancelotti, é destaque da escola.
O Pará teve seu momento de glória no Sambódromo justamente com a Beija-Flor, Joaosinho Trinta e Laíla, em 1998, quando os caruanas marajoaras deslumbraram a Marquês de Sapucaí. Com a Estácio, que mostrou o Círio, ficou em 10° lugar; e com a Viradouro em reedição do Círio, ficou em 4º, assim como com a Imperatriz. O Marajó foi tema da Paraíso do Tuiuti em 2023 e ficou em 8°. Na época Mestre Damasceno foi para o Sambódromo. Este ano, foi o curimbó de Mestre Cazuza, que vive na pobreza em Santa Bárbara e chorou pedindo apoio para o grupo dele. O contraste dos milhões investidos nas grandes escolas e o abandono dos nossos mestres fazedores de cultura é brutal. Todos, sem exceção, viveram e morreram em situação de extrema pobreza. Os que ainda estão vivos sofrem na penúria. Quando morrerem, ganharão notas oficiais e decretos de luto. Merecem o reconhecimento ao seu legado e o devido apoio financeiro para uma vida digna.
Fotos de Fernando Sette






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