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A qualidade de vida da população em cinco municípios da região será apontada pelo Índice de Progresso Social do Tapajós, apurado em estudo do Projeto Saúde e Alegria (PSA), em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap, com apoio da Natura. Os resultados serão apresentados nesta quinta-feira (22), em Santarém, das 9h às 12h, na sede do PSA (Av. Mendonça Furtado, ao lado do MPPA), com a presença da pesquisadora responsável, Graziela Castello. O relatório completo ficará disponível aos interessados. A amostra contempla cinco municípios: Santarém, Belterra, Mojuí dos Campos, Óbidos e Oriximiná, incluindo áreas urbanas, rurais e ribeirinhas.

As populações tradicionais que vivem em áreas entre os rios e a floresta na Amazônia enfrentam muitos desafios para ter seus direitos fundamentais assegurados, entre outras razões porque muitas vezes são invisibilizadas pelas pesquisas que não alcançam os ribeirinhos ou não possuem metodologias adequadas para seu contexto socioambiental. Como alternativa surgiu o Índice de Progresso Social (IPS), que traz dados apontando a situação social de comunidades ribeirinhas da Amazônia paraense, a partir da análise de três grandes dimensões: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades, construídas a partir da coleta de informações de outras doze subdimensões.

O IPS é um índice de prestígio internacional criado em 2013 para analisar as condições sociais e ambientais dos países, estados e municípios. Concebido a partir do entendimento de que os índices de desenvolvimento baseados apenas em indicadores econômicos são insuficientes, o IPS analisa exclusivamente variáveis socioambientais para gerar uma nota de 0 a 100, do pior para o melhor.

Na região do Tapajós, os resultados são fruto de pesquisa amostral domiciliar, realizada a partir de questionários presenciais envolvendo mais de 420 famílias da região. Nove jovens das próprias comunidades investigadas, treinados e remunerados pelo projeto, aplicaram as entrevistas via tablet, garantindo mais agilidade e segurança das informações levantadas.

“O estudo elenca diferentes fatores sobre as necessidades básicas da população, condicionantes para o bem-estar e acesso a diferentes elementos que propiciam oportunidades para o desenvolvimento”, explica a pesquisadora, antecipando que, em todo território, a falta de acesso ao ensino superior aparece como o problema mais latente e que atinge as diferentes áreas analisadas. Entre a população das áreas urbanas, questões associadas à falta de informação e cuidado com a floresta, bem como qualidade de atendimento médico e baixo consumo de proteínas (problemas de nutrição) apareceram como fatores de maior atenção. Nas áreas rurais e ribeirinhas a exclusão digital, pela indisponibilidade de conexão nos territórios e falta de conhecimento sobre o uso das tecnologias, bem como ausência de serviço de coleta de lixo, é alarmante.

A iniciativa é do Programa Floresta Ativa, com apoio do Centro de Informação e Pesquisa (CIP) do Projeto Saúde e Alegria, que vem se estruturando para investir em pesquisas, diagnósticos e monitoramentos da realidade onde a organização atua.

A falta de dados públicos, indicadores sobre a realidade das comunidades é uma barreira para o bom planejamento de ações socioambientais nesta região. “Os investimentos sociais realizados nesses territórios demandam metodologias diferenciadas de acompanhamento para medir o impacto na mudança dos padrões de vida dos beneficiados. Esta pesquisa nos dá uma linha de base para que após alguns anos possamos reaplicar a pesquisa e comparar, medir as mudanças na melhoria da qualidade de vida da população”, esclarece Fabio Pena, coordenador do CIP.

“Os indicadores que serão apresentados neste primeiro relatório da pesquisa estão inicialmente ligados às regiões onde o PSA e parceiros como a Natura estão investindo em iniciativas de economia da floresta, organização de cadeias produtivas da sociobiodiversidade para a geração de renda, preservação da floresta e melhoria das condições de vida”, detalhou David Pompermaier, coordenador do Programa Floresta Ativa do PSA.

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